Agência France-Presse
postado em 15/07/2011 12:55
Paris - Pesquisadores de 190 países se reúnem a partir de domingo (17/7), em Roma, para examinar as possibilidades de controlar a propagação do vírus da Aids, após a divulgação de estudos animadores sobre o uso de antirretrovirais, 30 anos depois da identificação da pandemia."Talvez tenhamos a nossa disposição os instrumentos para controlar a epidemia", ressaltou o professor Jean-Michel Molina, chefe dos serviços de doenças infecciosas do Hospital San Luis de Paris, referindo-se à utilização de antirretrovirais (ARV) na prevenção do contágio do vírus.
Molina está otimista após a divulgação na semana passada de dois estudos alentadores sobre os ARV como instrumentos de prevenção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), causador da Aids. A meta já não é apenas "trabalhar com os tratamentos e a redução da mortalidade", e sim proteger as pessoas que não têm a infecção, acrescentou.
Cerca de 5.000 pesquisadores e profissionais da saúde terão a oportunidade de 17 a 20 de julho em Roma de examinar a recente onda de resultados positivos que mostram que os medicamentos antirretrovirais reduzem o risco de infecção do HIV.
A Unaids, programa das Nações Unidas para a Aids, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) manifestaram também seu otimismo com os resultados desses dois estudos realizados na África, que indicaram que tomar diariamente antirretrovirais previne a transmissão do HIV entre casais heterossexuais e homossexuais.
De acordo com essas duas pesquisas, realizadas pelo Centro Internacional de Pesquisas Clínicas da Universidade de Washington (EUA) e pelo Centro para a Prevenção e o Controle de Doenças (CDC), de Atlanta, um comprimido de antirretroviral diário quando não se está infectado com o HIV pode reduzir o risco de contrair o vírus.
Os detalhes de ambos os estudos realizados em Quênia, Uganda e Botsuana serão apresentados durante a conferência anual da Sociedade Internacional contra a Aids que começa domingo em Roma.
Esses dois estudos apresentaram dois casos: no primeiro os ARV são tomados rapidamente por uma pessoa infectada, o que evitaria o contágio de seu companheiro. Segundo esse estudo, o risco de infecção caiu 96%.
No segundo caso foi constatado que ministrar ARV para uma pessoa infectada com o vírus funciona para proteger seu companheiro ou companheira do contágio, tanto nos casais homossexuais como nos heterossexuais.
Em uma entrevista concedida à AFP, Julio Montaner, um dos grandes especialistas em Aids, destacou que foi comprovado que "não há nada mais eficaz" para evitar o contágio do que o tratamento precoce das pessoas infectadas.
Se o tratamento foi feito com pessoas que não estão infectadas mas que correm risco de contágio, "o risco de transmissão cai entre 40% e 80%, segundo os estudos", destacou Montaner.
A estratégia "Test and Treat", que estabelece que as pessoas devem ser examinadas e tratadas o quanto antes, tem que ser a prioridade absoluta para evitar a propagação do vírus da Aids, destacam os especialistas, que lembram que para impedir o contágio da doença é preciso saber se a pessoa é portadora do vírus.
E apenas a metade das 33 milhões de pessoas soropositivas no mundo sabem que estão infectadas.
A OMS e a Unaids destacaram, por isso, que nenhum método é totalmente seguro contra o HIV e que os medicamentos antirretrovirais para a prevenção devem ser utilizados junto com outras formas de proteção, como os preservativos.