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Rupert Murdoch, dono do tabloide News of the World, admite "faltas graves"

postado em 16/07/2011 09:51
Em uma virada no caso de escândalo dos telefones no Reino Unido, os primeiros dominós do grupo News International começam a cair. Depois de 11 dias de discussões, negações e pressão política, o magnata Rupert Murdoch pediu desculpas pela invasão de privacidade com um anúncio de uma página que deve ser publicado hoje em todos os jornais britânicos. Ontem, ele se encontrou com a família de Milly Dowler, a adolescente desaparecida e assassinada cujo celular foi invadido pelo tabloide News of the World, uma das publicações do conglomerado, para tentar remediar o erro cometido por sua equipe. A poderosa executiva chefe do grupo editorial, Rebekah Brooks, um dos pivôs do caso, pediu demissão, assim como Les Hilton, chefe da agência Dow Jones, que ocupou o mesmo cargo até 2007.

Murdoch mudou sua postura em relação à crise. No pedido de desculpas, oferecido ao público quase duas semanas após o início do escândalo que chocou os britânicos, ele afirma que o assunto será resolvido e os danos, compensados. O magnata australiano também participou do encontro com os pais da menina de 13 anos, que teve o celular grampeado pelo jornal quando ainda estava desaparecida, e pediu perdão ;de uma forma muito humilde;, segundo a família Dowler.

Murdoch também perdeu dois grandes aliados de batalha na crise. Rebekah Brooks, seu braço direito no comando do grupo editoria, era considerada a rainha dos tabloides, pela voracidade e pelos meios duvidosos de que lançava mão em busca de furos jornalísticos. A executiva afirmou em um comunicado que não queria ser ;o grande foco no debate; sobre as práticas de invasão de privacidade dos três jornais que comandava. Mas ela não deve se desvencilhar do caso. ;Tenho um profundo sentido da responsabilidade para com as pessoas a quem magoamos, e quero reiterar o quanto sinto pelo que agora sabemos que aconteceu;, escreveu a executiva.

A saída dela colocou em evidência outra figura do caso, que por enquanto não tinha sido apontada: Les Hilton. Porém, o chefe da Dow Jones e ex-chefe da News International tomou a decisão de deixar a empresa antes mesmo que as atenções se voltassem para ele. ;Eu tenho visto centenas de novos relatos, confirmados e supostos, sobre más condutas durante o tempo em que fui chefe e responsável pela empresa. Que eu tenha sido ignorante sobre o que aconteceu é irrelevante, nessas circunstâncias, e sinto que é apropriada a minha demissão;, afirmou Hilton em um comunicado. Ele foi acusado de dar informações falsas sobre o caso no Parlamento britânico, em 2007 e 2009, quando disse que não havia evidência dos grampos feitos pelos jornais.

O pedido de demissão da dupla marca um novo capítulo na crise. Brooks era editora-chefe do News of the World e Hilton responsável pelo grupo, em 2006, quando vieram à tona os primeiros casos de invasão de privacidade. Ao longo da última década, eles podem ter atingido 4 mil pessoas, entre políticos, celebridades e cidadãos comuns. Com o fechamento do tabloide, no último domingo, e as revelações que começaram a surgir na investigação policial, a situação da jornalista, em especial, ficou insustentável. Apesar de se afastar de suas funções, na próxima terça-feira ela deve comparecer a uma audiência no Parlamento ao lado dos ex-patrões, Rupert Murdoch e o filho James.

Ligações políticas
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou ontem que Brooks ;fez a coisa certa;. Cameron também recebeu críticas pelas ligações que mantém com o grupo editorial, especialmente com a jornalista, que participou de diversas reuniões e eventos do Partido Conservador. ;O público espera que os políticos sejam amigáveis com a mídia, mas acredito que a extensão desse relacionamento chocou as pessoas. A imagem do premiê não ficará marcada por isso, mas sua capacidade de julgamento pode ser colocada em questão. A investigação parlamentar trouxe pressão política ao caso e algumas mudanças nas leis jornalísticas podem ocorrer;, apontou Victoria Honeyman, professora de política britânica na Universidade de Leeds.

Façam o que eu digo
Na nota com a qual se desculpa pela violação de privacidade, publicada com reprodução da assinatura de próprio punho, Rupert Murdoch admite que seu grupo de mídia traiu os valores que defendia. ;O negócio do News of the World era fiscalizar a conduta dos outros, mas ele falhou quando se tratou dele mesmo;, começa o texto. Por duas vezes, o magnata australiano diz que ;sente muito; pelas ;faltas graves; cometidas em nome da primazia das notícias. ;Nosso negócio estava baseado na ideia de que uma imprensa livre e aberta pode ser uma força positiva para a sociedade. Precisamos estar à altura dessa ideia;, prossegue o comunicado. Murdoch promete para ;os próximos dias; o anúncio de ;novos passos concretos; com o propósito de ;resolver esse assunto e sanar os danos causados;.

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