Agência France-Presse
postado em 16/07/2011 13:01
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu neste sábado na Casa Branca o líder tibetano Dalai Lama, apesar do pedido de Pequim para que cancelasse o encontro, e manifestou sua "preocupação sincera" em relação aos Direitos Humanos no Tibete.O líder tibetano foi recebido na Sala de Mapas, e não no Salão Oval, reservado para reuniões com chefes de Estado, e a Casa Blanca tomou uma série de precauções para que a reunião fosse realizada de maneira discreta.
O encontro -que começou às 11h33 (12h33 de Brasília) e durou 44 minutos- foi fechado à imprensa, que não pôde sequer tirar fotos, e anunciado poucas horas antes, apesar de o Dalai Lama ter chegado a Washington há 11 dias.
Mesmo com essas medidas, o encontro provocou a ira de Pequim, cuja chancelaria havia pedido aos Estados Unidos na sexta-feira que o cancelasse e honrasse seu compromisso de reconhecer a integridade territorial da China e sua soberania sobre a região do Tibete.
Em um comunicado divulgado na noite de sexta-feira, a Casa Branca ressaltou que o encontro deste sábado mostra "o apoio vigoroso do presidente à preservação da identidade religiosa, cultural e linguística única do Tibete e à proteção dos Direitos Humanos dos tibetanos".
Após o final do encontro, o Dalai Lama declarou que Obama compartilhou uma "preocupação sincera" em relação aos Direitos Humanos no Tibete.
Barack Obama é "o presidente da maior democracia. Ele manifestou naturalmente preocupação em relação aos valores humanos elementares, dos Direitos Humanos e da liberdade religiosa", declarou o líder espiritual dos tibetanos a um jornalista da AFP.
"Como consequência, ele mostrou uma preocupação sincera em relação aos sofrimentos no Tibete, e também em outros lugares", acrescentou.
Classificando o encontro de "reunião espiritual", o Dalai Lama afirmou que se sente próximo de Barack Obama "em um nível humano", lembrando que suas relações com os outros presidentes americanos eram comparáveis.
O líder espiritual tibetano, que deixou seu país em 1959 para se exilar na Índia após a derrota de um levante contra a ocupação chinesa, assegura que sua reivindicação se limita a uma autonomia real do Tibete, mas Pequim o acusa de querer a independência.
Pouco depois do encontro, Pequim criticou fortemente Washington, afirmando que este encontro danifica as relações entre os dois países.
"Tal ato representa uma grave ingerência nos assuntos internos da China, fere os sentimentos do povo chinês e danifica as relações sino-americanas", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, em um comunicado citado pela agência oficial Nova China.
A visita do Dalai Lama aos Estados Unidos ocorre no momento em que Pequim celebra os 60 anos da "libertação pacífica" do Tibete pelas tropas comunistas lideradas por Mao Tse Tung.
O governo acaba de publicar um "Libro Branco sobre o Desenvolvimento do Tibete" no qual faz referência a "um plano dos agressores ocidentais para destroçar o território chinês".