Agência France-Presse
postado em 17/07/2011 10:56
Havana - O presidente venezuelano Hugo Chávez, operado há um mês para a retirada de um tumor maligno, chegou na noite de sábado a Cuba, onde permanecerá por um período indeterminado para ser submetido a um tratamento de quimioterapia. Chávez foi recebido no aeroporto de Havana pelo presidente Raúl Castro e pelo chanceler Bruno Rodríguez, anunciou a televisão cubana.O venezuelano disse que voltará a seu país fortalecido para continuar no comando por muitos anos. "Espero estar de volta em poucos dias (...) Voltarei melhor do que saí. Estou seguro de que vamos conseguir. Nunca amei tanto a vida como estou amando agora", declarou Chávez antes de deixar Caracas. "Não é hora de morrer, é hora de viver", acrescentou o presidente.
Chávez, de 56 anos, anunciou que a quimioterapia, que começará neste domingo, é necessária para garantir sua total recuperação. O presidente, que teve um tumor maligno operado em Havana, em 20 de junho, retornou à Venezuela no dia 4 de julho, mas decidiu manter seu tratamento em Cuba.
"Depois que retiraram o tumor de mim, não voltaram a detectar em parte alguma de meu corpo outra célula maligna", disse Chávez no sábado, reconhecendo, entretanto, que o risco permanece. Até o momento, não foram divulgados boletins médicos sobre a saúde do presidente e o governo venezuelano não explicou a magnitude do câncer ou o local exato do tumor maligno.
A viagem do chefe de Estado a Cuba foi autorizada no sábado por unanimidade pelo Parlamento, de maioria governista, mas o fato de Chávez continuar exercendo o poder executivo a partir de Cuba sem delegar provisoriamente seus poderes ao vice-presidente provocou um forte debate. Segundo os deputados opositores, que ocupam 40% dos assentos, o presidente tem o direito de cuidar de sua saúde, mas o comportamento do governo é "inconstitucional".
"O vice-presidente deve assumir as funções de chefe do poder Executivo. Está estabelecido na Constituição", explicou o legislador opositor Hiram Gaviria. O deputado opositor, Carlos Berrizbeitia, rebateu: "A saúde do país tem que estar acima da saúde do presidente. Ele não vai a uma viagem para representar o Estado e não deve exercer seu cargo a partir de Havana".
A Constituição venezuelana prevê que o Parlamento autorize qualquer ausência do presidente superior a cinco dias. Também estipula que o órgão legislativo deve declarar a falta temporal do chefe de Estado, quando esta é menor que 90 dias, e o vice-presidente ostentará seus poderes durante esse tempo. Caso a ausência se prolongue por mais de 90 dias, o Parlamento pode prorrogá-la por outros 90 ou decretar a ausência total do presidente.
Em junho, quando Chávez ficou em Cuba por quase um mês após o diagnóstico de câncer, o Parlamento não decretou sua ausência temporária e Jaua, assessor do presidente, não assumiu de forma provisória.
O chefe de Estado, no poder desde 1999, é candidato de seu partido para as eleições presidenciais de 2012, quando aspira a um terceiro mandato de seis anos. Seus colegas de partido reiteraram nas últimas semanas que sua candidatura não está ameaçada.