Agência France-Presse
postado em 19/07/2011 09:51
Londres - O magnata da imprensa Rupert Murdoch, seu filho James, sua ex-colaboradora Rebekah Brooks e dois altos funcionários da polícia prestam declarações nesta terça-feira (19/7) ante uma comissão parlamentar britânica em função do escândalo das escutas telefônicas ilegais orquestradas pelo tabloide News of the World. Em uma inesperado acréscimo ao caso, a polícia investiga, além disso, a morte de Sean Hoare, ex-repórter do tabloide sensacionalista, que trouxe o escândalo à tona.John Whittingdale, presidente da Comissão de Cultura, Meios de Comunicação e Esportes, integrada por dez parlamentares de todos os partidos, prometeu um interrogatório exaustivo sobre um caso que abalou a cúpula política, policial e midiática do país. Murdoch, que agora não cansa de pedir desculpas, foi convocado para prestar depoimento diante dos dez membros da Comissão junto de seu filho James e sua protegida, Rebekah Brooks, considerada até sua recente demissão a "rainha dos tablóides".
[SAIBAMAIS]Para realizar esta audiência, a comissão teve de ser rígida: depois de uma primeira negativa de comparecimento dos Murdoch e em meio a fortes protestos, recorreu a um procedimento raramente utilizado, convocá-los oficialmente e de maneira obrigatória. Sir Paul Stephenson, chefe da Scotland Yard que se demitiu no domingo, é acusado de ter realizado sem aprofundamentos a investigação sobre os vínculos do caso com os dirigentes dos jornais, e de ter ignorado a atuação de policiais corruptos que venderiam informações ao News of the World (NotW).
O jornal que deu origem ao escândalo é acusado de ter grampeado desde o ano 2000 as mensagens de texto de cerca de 4 mil pessoas, políticos e celebridades, mas também de uma menina de 13 anos assassinada. Os três diretores do News Corp intimados pelos deputados afirmaram até agora que ignoravam a amplitude das escutas, atribuídas a um "repórter freelancer" e a um detetive particular. A audiência significa uma grande perda para o magnata australiano americano de 80 anos, que se orgulha de ter ajudado a eleger a maioria dos primeiros ministros desde os anos 70.
Num período de 15 dias, Murdoch fechou o NotW, renunciou a seu ambicioso projeto de aumentar para 100% a sua participação na plataforma de televisão por satélite BSkyB, após o veto de todos os partidos políticos, e sacrificou dois de seus diretores. Seu filho James, número três do News Corp e considerado o sucessor do magnata até o escândalo, está agora na linha de frente, apesar de já ter declarado que "lamenta profundamente" ter indenizado generosamente as supostas vítimas de escutas telefônicas, correndo o risco de dar a impressão de que comprou o silêncio delas.
A iniciativa poderia levar a uma acusação de "utilização inapropriada do dinheiro dos acionistas". Ao mesmo tempo, os liberais-democratas desejam que ele seja declarado "inapto" para presidir a BsKyB, empresa que a News Corp possui 39,9% do capital. Por sua vez, Rebekah Brooks renunciou na sexta-feira à direção do News International, a divisão britânica do império multinacional de Murdoch, e foi detida, interrogada e depois posta em liberdade condicional. Suspeita de suborno de policiais e de escutas telefônicas ilegais, ela pode ir para cadeia.
Durante uma primeira apresentação frente à comissão parlamentar, realizada em 2003, reconheceu que o jornal, que dirigiu de 2000 a 2003, pagou a policiais para obter informações.