Agência France-Presse
postado em 22/07/2011 10:47
Cairo - Centenas de pessoas se encontram ainda reunidas na praça Tahrir, centro do Cairo, um dia depois da reforma ministerial que não convenceu os manifestantes para colocar fim à ocupação desse local simbólico. Eles convocaram um novo protesto para esta sexta-feira - chamada de "sexta-feira decisiva" - na praça que se tornou um símbolo da rebelião que derrubou Mubarak, que estava no poder a três décadas. Os islamitas por sua vez, convocaram manifestações neste mesmo dia "pela estabilidade".Um novo gabinete tomou posse na quinta-feira no Egito, com novos ministros das Relações Exteriores e Finanças, que antes eram cargos ocupados por figuras questionadas pelos manifestantes devido à proximidade com o antigo regime de Hosni Mubarak.
Dez ministros foram mantidos em seus cargos e quinze novos entraram no governo do primeiro-ministro Esam Sharaf. A cerimônia de posse foi realizada na presença do marechal Hussein Tantaui, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, cargo que dirige desde a queda de Mubarak no dia 11 de fevereiro. A remodelação foi feita sob pressão dos manifestantes que acompanham há duas semanas na praça Tahrir para exigir a saída de pessoas ligadas ao antigo regime e mais reformas.
Os manifestantes denunciam também a lentidão da justiça para tratar de casos de ex-funcionários de Mubarak e acusam o exército de perpetuar métodos repressivos. "Esperávamos um governo que expressasse nossas petições e as aplicasse", declarou xeque Mazhar Shabeen, que dirige toda as sextas-feiras a tradicional oração muçulmana neste grande espaço de manifestação no centro da cidade.
Sharaf foi nomeado primeiro-ministro em março. Seu prestigio inicial entre os jovens rebeldes tem diminuído nos últimos meses pelo pouco poder que tem sobre o exército e pela demora de para iniciar as reformas. O governo de transição deve permanecer nas funções até as eleições previstas para o próximo outono boreal.