postado em 24/07/2011 08:00
O massacre que deixou 91 pessoas mortas e dezenas de feridos mudou a Noruega. No país considerado pacato e tranquilo, a população está insegura depois de sofrer dois atentados na sexta-feira. O centro de Oslo, onde um carro-bomba explodiu, está fechado e sob a vigília do Exército. O primeiro-ministro Jens Stoltenberg se encontrou com os jovens sobreviventes do ataque na ilha de Utoyea e afirmou que o país está vivendo ;um pesadelo;. Apesar de terem prendido Anders Behring Breivik, o responsável pela morte de 84 pessoas que estavam na reunião do partido trabalhista, as autoridades tentam entender a motivação da violência extrema e temem outras réplicas similares.
O resgate na ilha de Utoyea continuou ontem. Cinco pessoas ainda estão desaparecidas e a polícia prossegue em busca de vestígios da ação. A possibilidade de que uma segunda pessoa tenha participado do ataque com Breivik não está descartada. O rapaz chegou à ilha em uma van branca carregada com explosivos. Vestido com um uniforme de policial, ele enganou a todos e reuniu um grupo, dizendo que estava tudo bem, antes de abrir fogo contra os jovens. O terror na ilha durou mais de uma hora e meia. ;As pessoas corriam para todos os lados, como loucas. Ele não parava de atirar;, contou a adolescente de 15 anos, Elise, à agência local NTB, que conseguiu escapar do atentado porque se escondeu atrás de uma pedra. ;Ele atirava contra a gente quase que à queima-roupa. Estava a 10 metros de mim, podia ouvir sua respiração, e disparava também contra as pessoas que iam para a água;, disse Adrian Pracon, que recebeu um tiro no ombro.
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Fim da paz
O primeiro-ministro da Noruega tinha um encontro marcado ontem com os jovens na ilha, mas, depois da tragédia, o cenário mudou. Visivelmente abalado, ele conversou com os sobreviventes e confortou os familiares das vítimas. ;Nosso país jamais havia sido afetado por um crime desta magnitude, desde a Segunda Guerra Mundial. O fato dói ainda mais porque Utoyea é um lugar aonde vou a cada verão, desde 1974. Ali conheci a alegria, o compromisso e a segurança. O local, agora, famoso por uma violência brutal, era um paraíso da juventude que se transformou em inferno, em poucas horas;, disse aos jornalistas. O rei Harald da Noruega, a rainha Sonja e seu filho, o príncipe herdeiro Haakon, também acompanharam Jens Stoltenberg na visita.
A Noruega é conhecida por ser o país do Nobel da Paz e ocupar o primeiro lugar nas estatísticas do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conflitos políticos não fazem parte da rotina. ;Há elementos de extrema direita, mas são poucos e até agora não tinham sido levado muito a sério. São, geralmente, pessoas racistas contra a política liberal do governo e a política imigratória do país. Há especulações de que a ação do atentado possa ser uma revolta contra o governo, pois a pureza nórdica estaria ameaçada;, disse ao Correio, o intérprete norueguês, P;l Endresen. As investigações sobre as causas e os detalhes sobre o caso ainda não foram divulgados pela polícia, que está preocupada com a possibilidade de outros incidentes similares no país. A recomendação do governo é que as pessoas permaneçam em casa e que não fiquem aglomeradas em grupos; diversos eventos foram cancelados no país.
As piores tragédias no mundo
1987 - Reino Unido
; O jovem Michael Ryan, 27 anos, em um ato de loucura, disparou contra os habitantes da cidade de Hungerford, matou 16 pessoas e deixou 11 feridas, antes de se matar.
1995 - França
; Um adolescente de 16 anos, armado com um rifle, matou 16 pessoas e cometeu suicídio. Ele havia brigado com os pais um pouco antes de atirar.
1999 - Estados Unidos
; Dois adolescentes invadiram a escola de Columbine, na cidade de Littleton, em Denver, e mataram 13 pessoas.
1999 - Brasil
; O ex-aluno de medicina Mateus da Costa Meira atirou contra pessoas que assistiam a um filme em um cinema, no Shopping Morumbi, em São Paulo. O atentado deixou três mortos.
2002 - Alemanha
; Robert Steinhauser, 19 anos, se recusou-se a fazer uma prova de matemática e matou 12 professores, uma secretária, duas crianças e um policial, antes de tirar a própria vida.
2002 - Estados Unidos
; Os americanos John Muhammad e Lee Malvo mataram 10 pessoas em um ataque surpresa de estilo sniper (quando um grupo de franco-atiradores se divide e atira em todos que saem às ruas), em Washington.
2004 - Rússia
; Um grupo terrorista invadiu uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte, e fez mais de mil reféns. Explosivos e um forte tiroteio deixaram 344 mortos, entre eles 186 crianças.
2007 - Estados Unidos
; Um jovem armado entrou no dormitório da Universidade de Virginia Tech, no estado da Virgínia e matou 32 pessoas e em seguida se matou.
2007 - Finlândia
; Pekka-Eric Auvinen, 18 anos, entrou armado na escola em que estudava ; na cidade de Helsinki ; e matou oito pessoas, antes de tirar a própria vida.
2011 - Brasil
; Em abril, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, invadiu uma escola no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, e matou 11 crianças.