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Protestos estudantis no Chile terminam com 800 detidos e 100 feridos

SANTIAGO - Mais de 800 detidos e cerca de 100 policiais feridos foi o saldo das manifestações estudantis de quinta-feira em dezenas de cidades do Chile, informou nesta sexta-feira o porta-voz de governo Andrés Chadwick.

"O total de detidos após a marcha estudantil de ontem chega a 874 pessoas em nível nacional" e há "mais de 90 policiais feridos", disse Chadwick à imprensa local.

Centenas de estudantes tentaram durante toda a quinta-feira realizar passeatas pelo centro de Santiago e de outras cidades, mas foram reprimidos pela polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água, após o governo anunciar a proibição destas manifestações.

"Nós sabíamos que ao colocar limites iam ocorrer manifestações, mas acredito que há vezes em que a autoridade tem que demonstrar que também está protegendo o direito de todos", disse Chadwick.

Os estudantes se queixaram da "repressão policial" que, segundo eles, lembra as ações da polícia durante a ditadura militar do general Augusto Pinochet, que governou o Chile entre 1973 e 1990.

A repressão "demonstra que o governo não foi capaz de entender a magnitude deste movimento. Imagino que terá sido assim há 30 anos no Chile", disse Camila Vallejo, uma das principais líderes estudantis.

As demandas dos estudantes, que começaram há dois meses pedindo o fortalecimento da educação pública, traduziu-se em passeatas, greves de fome e ocupação de escolas e universidades por parte dos estudantes.

Estudantes e professores apresentaram nesta sexta-feira uma ação contra o ministro do Interior chileno, Rodrigo Hinzpeter, por considerar que este violou seu direito de reunião ao impedir os protestos de quinta-feira e realizar prisões ilegais.

A denúncia foi apresentada pela própria Camila Valejo, presidente da Federação de Estudantes do Chile (Fech) e representantes do Colégio de Professores.

"Estamos processando o ministro Hinzpeter", disse Valejo ao apresentar a denúncia no Sétimo Tribunal de Garantia de Santiago.

Segundo ela, a ação foi apresentada "pela repressão ocorrida no dia de ontem, onde foram violados, além das liberdades constitucionais, como o direito de reunião e a mobilização em via pública, houve prisões ilegais e repressão contra particulares".

Os estudantes devem responder nesta sexta-feira a uma proposta de 21 pontos apresentada na segunda-feira passada pelo governo, apesar de antemão terem afirmado que não a aceitarão por considerar que não contempla seu principal pedido, que é assegurar que não haja uma educação pública sem objetivo de lucro.