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Em meio à crise, taxa de desemprego nos Estados Unidos cai em julho

Agência France-Presse
postado em 05/08/2011 15:19
WASHINGTON - A taxa de desemprego caiu em julho nos Estados Unidos graças a um aumento das contratações no setor privado, uma notícia bem-vinda em um momento em que o crescimento da economia americana gera dúvidas.

A taxa de desemprego caiu 0,1 ponto, a 9,1%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Trabalho, sendo que os analistas esperavam que se mantivesse em 9,2%.

A criação de empregos melhorou, para 117.000 em julho. Além disso, a cifra dos dois meses anteriores foi revisada para cima, a 46.000 em junho (contra 18.000 previamente estimados) e 53.000 em maio (contra 25.000).

"É um alívio", disse Iran Shepherdson, do gabinete de consultores High Frequency Economics. "Estas cifras não são formidáveis, com o crescimento do emprego desacelerando claramente nesses últimos meses, mas estão longe de significar uma recessão", completou.

No fim de julho, o bloqueio das negociações no Congresso sobre o orçamento e a publicação de cifras de crescimento péssimas para o primeiro semestre (menos de 1% em cifras anuais) tinham acentuado os temores de uma nova recessão nos Estados Unidos.

Estes temores estavam em seu pico na quinta-feira, dia negro para Wall Street e os mercados financeiros mundiais, mas se dissiparam parcialmente nesta sexta-feira.

Para o economista independente Joel Naroff, "estas cifras demonstram simplesmente que a economia não está em recessão".

A opinião é dividida por Harm Bandholz, do banco italiano Unicredit. "A revisão das criações de emprego e sua recuperação em julho parece corroborar nossa visão segundo a qual a deterioração do mercado de trabalho em abril e maio foi principalmente devido a fatores provisórios".

O emprego público diminuiu pelo nono mês consecutivo, em 37.000 postos, principalmente devido a um fator temporário, o desemprego parcial de funcionários de Minnesota por falta de orçamento no início de julho.

Em troca, o setor privado registrou 154.000 contratações líquidas, após dois meses quando o ritmo de recrutamento tinha desacelerado.

O Departamento de Trabalho atribuiu parte da criação de empregos "à saúde, ao comércio varejista, à indústria manufatureira e a mineração".

Mas o caminho continua sendo longo antes que os americanos fiquem satisfeitos com o ritmo das contratações. Os economistas consideram geralmente que são necessários de 100.000 a 150.000 novos empregos por mês simplesmente para incluir os que entram no mercado de trabalho.

O presidente Barack Obama assegurou nesta sexta-feira que a economia americana superará os atuais tempos turbulentos, em meio a temores por uma recuperação que se desacelera.

"O que quero é que o povo americano e os povos e nossos parceiros do mundo saibam o seguinte: vamos superar isso, as coisas vão melhorar", disse Obama, depois da turbulência nos mercados mundiais na quinta-feira, em parte causada pelos problemas econômicos de seu país.

Mas seus adversários republicanos criticaram sua política econômica nesta sexta-feira.

"O relatório de hoje sobre desemprego é uma prova de que todo o gasto de Washington, os impostos, os regulamentos, estão devastando nossa economia", afirmou o porta-voz republicano da câmara baixa, John Boehner.

"Quando vemos o que este presidente fez com a economia em apenas três anos, sabemos por que os Estados Unidos não querem saber o que ele é capaz de fazer em oito", disse por sua vez Mitt Romney, aspirante a candidato presidencial republicano nas próximas eleições.

A popularidade de Obama foi colocada em teste pela degradação da conjuntura econômica destes últimos meses, no momento em que busca se reeleger em novembro de 2012.

"A taxa de desemprego continua em um nível inaceitável", disse na sexta-feira Austan Goolsbee, conselheiro econômico de Obama, no blog da Casa Branca.

"Agora é necessário concentrar todos os nossos esforços no seguinte: como fazer a taxa de crescimento subir no segundo semestre", completou em declarações ao canal Bloomberg TV.

Goolsbee descartou a possibilidade de haver risco de uma segunda recessão. "Ainda temos crescimento, criamos 2,4 milhões de empregos em 17 meses", disse. "Isso não tem nada de uma dupla recessão", explicou.

O analista John Ryding, da Conrad DeQuadros, RDQ Economics, concorda. "A grande mensagem do atual informe sobre emprego é que, apesar de a economia ter desacelerado, não há sinais de que tenha caído em recessão".

Mas Jason Schencker, da Prestige Economics, advertiu: "esse dado é uma variável, em meio a uma quantidade de outras recentes variáveis que apontaram para uma economia debilitada. Esse relatório não muda a situação."

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