Agência France-Presse
postado em 06/08/2011 11:27
MOGADÍSCIO - A capital somali está "completamente livre" dos radicais shebab que abandonaram suas posições durante a noite de sexta-feira, comemorou neste sábado o presidente Sharif Sheikh Ahmed em uma coletiva de imprensa na capital Mogadíscio.No entanto, Ali Mohamed Rage, porta-voz dos islâmicos shebab, afirmou que tal retirada corresponde a uma "mudança na tática militar" dos insurgentes.
"Mogadíscio está completamente livre do inimigo e o resto do país está pronto para ser liberado", garantiu o presidente.
"Derrotamos o inimigo, eles saíram de Mogadíscio e seguiremos lutando contra eles para expulsá-los do resto do país", reiterou o primeiro-ministro Abduwli Mohamed Ali na mesma entrevista coletiva.
Horas antes, várias testemunhas contaram à AFP que os insurgentes islâmicos radicais shebab haviam abandonado na noite de sexta-feira várias posições em bairros de Mogadíscio que eram ocupados pelas tropas do governo de transição.
Para porta-voz dos shebab, "os combatentes aplicaram uma mudança de estratégia militar contra os inimigos de Alá".
Os shebab controlam a maior parte do sul e centro da Somália, país afetado por uma grave seca e, em várias regiões, também pela fome.
Os insurgentes islâmicos querem o fim do governo de transição de Sharif Sheikh Ahmed, apoiado pela comunidade internacional e defendido pela força militar da União Africana (AMISON).
Desde fevereiro, 9.000 militares de Uganda e de Burundi da AMISON foram obrigados pelos islâmicos a retroceder nas duas principais linhas de frente da capital.
Cerca de 100.000 somalis se refugiaram em Mogadíscio fugindo da seca e fome nos últimos meses, apesar dos confrontos quase diários na capital. A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou fome em três regiões do sul do país, assim como nas populações de deslocados do corredor de Afgoye, localizado a 20 km da capital, e na própria cidade.
Calcula-se que 12 milhões de pessoas sofrem com este período de grande seca no Chifre da África.
Apenas na Somália, "são 3,7 milhões de pessoas em situação de crise e 3,2 milhões delas necessitam de ajuda imediata para continuarem vivendo", alertou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) na quinta-feira, que pediu uma intervenção de "grande envergadura".
Na sexta-feira, a Turquia pediu à Organização de Cooperação Islâmica que convoque uma reunião de urgência sobre esta crise humanitária.
"A situação atual representa a mais grave crise humanitária no mundo atual e a pior de segurança alimentar desde a fome de 1991-1992, também na Somália", informou a ONU.
Para a Unidade de Análise da ONU para a Segurança Alimentar e Nutrição (FSNAU, na sigla em inglês), "apesar da crescente atenção nas últimas semanas, a resposta humanitária atual segue sendo insuficiente devido em parte às restrições e deficiências de financiamento".