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Habitantes de Trípoli iniciam Ramadã sem eletricidade nem água

Agência France-Presse
postado em 07/08/2011 17:40
TRÍPOLI, 7 agosto 2011 (AFP) - Além da crise do combustível que afeta a vida diária dos moradores de Trípoli há vários meses, a falta de energia elétrica e os cortes no fornecimento de água agravam o sofrimento dos habitantes da capital líbia no início do Ramadã.

"Desde o início do Ramadã rompemos o jejum à luz de velas", reclama Ahmed, de 40 anos, que faz as compras em uma feira no bairro 2 de Março, na zona oeste da capital.

No início da noite, vários blocos do bairro estão às escuras. "Podemos viver sem ar condicionado, mas não sem geladeira. Às vezes os apagões duram 24 horas", completa Ahmed. "Os alimentos que conservamos no congelador estão estragando", conta. Sua família, como muitas outras, estocou alimentos antes do mês de jejum.

Khaled, de 20 anos, morador de Khanzur, na periferia leste de Trípoli, afirma que a falta de energia elétrica tem provocado cortes no fornecimento de água. Com água apenas por algumas horas do dia, a grande maioria dos moradores utilizam bombas elétricas para encher as cisternas, instaladas na maioria das vezes nos telhados das casas e edifícios.

A internet não funciona desde o início da crise em fevereiro. Os habitantes da capital também sofrem com a falta de dinheiro em espécie e com a escassez de botijões de gás de cozinha, cujos preços são extorsivos: antes da crise custavam o equivalente a um dólar, agora custam US$ 50.

Os alimentos de primeira necessidade também enfrentam a inflação, apesar do anúncio de subsídios do governo. O regime de Muamar Kadhafi acusa os rebeldes e a Otan de querer provocar uma penúria de combustível e energia elétrica nas áreas sob seu controle para provocar a revolta dos habitantes.

Neste domingo, o primeiro-ministro Baghdadi Mahmudi desmentiu as notícias de protestos contra o regime em alguns bairros da capital em protesto pelos apagões. Mahmudi disse ainda que o povo líbio tem a capacidade de adaptação.

"Privaram os líbios de combustível, de medicamentos. Os deixaram sem todos os produtos de primeira necessidade, mas o povo segue sempre unido e resiste para chegar à vitória", completou Mahmudi.

Durante a semana, o vice-chanceler Khaled Kaaim acusou a Otan de desejar criar uma crise humanitária na Líbia.

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