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Berlim relembra neste sábado os 50 anos de construção do muro de Berlim

Agência France-Presse
postado em 09/08/2011 12:32
Berlim lembra neste sábado (9/8) os 50 anos da construção do Muro que dividiu a cidade em duas partes antagônicas durante 28 anos, separando famílias e amigos para depois converter-se em símbolo da partilha da Europa durante a Guerra Fria.

Um fotógrafo imortalizou a famosa cena de Frieda Schulze, uma idosa de 77 anos, se jogando da janela de seu apartamento, no primeiro andar do número 29 da rua Bernauerstrasse, para alcançar Berlin ocidental. Ela finalmente consegue entrar com a ajuda de bombeiros do lado capitalista, que colocaram um cobertor para amortecer a queda.

A cena ocorreu em 25 de setembro de 1961. Um mês e doze dias antes, em 13 de agosto, o regime comunista da Alemanha Oriental começou uma construção sob as janelas da idosa. Era o Muro de Berlim.

No sábado, centenas de personalidades, entre elas a chanceler alemã Angela Merkel, irão se reunir na rua de Frieda Schulze para comemorar o 50; aniversário da construção que, para os alemães, seria o "muro da vergonha".

Na noite de sábado, dia 12, para o domingo, dia 13 de agosto de 1961, o presidente da República Democrática Alemã (RDA), Walter Ulbricht, deu a ordem para lançar a "operação Rosa". Mais de dez mil soldados do regime comunista foram encarregados da construção de "um muro de proteção antifascista" para separar a parte oriental do lado oeste capitalista.

As autoridades da Alemanha comunista, apoiadas por Moscou, quiseram assim colocar fim ao êxodo de moradores da RDA para as áreas ocupadas pelos aliados, impedindo que chegassem ao lado capitalista por Berlim Ocidental. Em agosto de 1961, mais de 2,5 milhões de pessoas abandonaram a RDA, que na época contava com 19 milhões de habitantes.

Então em 13 de agosto, os soldados bloquearam as ruas e linhas de trem situadas ao redor de Berlim Ocidental. Os metrôs e trens suburbanos receberam ordem de parar. Os berlinenses descobriram ao acordarem cercas de arame farpado, valas e um muro de cimento que de repente surgiram nas ruas.

"Desde uma hora da manhã, os soldados cavam um fosso de meio metro de profundidade e largura", noticiou na época um correspondente da rádio nacional que se encontrava no Portão de Brandemburgo, em pleno centro da capital.

O então prefeito de Berlim - e futuro chanceler da Alemanha Ocidental - Willy Brandt denunciou com veemência a decisão comunista.

"Sob os olhos da comunidade mundial, Berlim acusa aqueles que dividiram a cidade de crime contra o Direito Internacional e contra a Humanidade", declarou Brandt no mesmo 13 de agosto.

O muro, que tinha 3,6 metros de altura e 302 pontos de observação, acabou se estendendo ao longo de 155 km, dos quais 43 km dividiram em dois lados a capital alemã.

Entre 1961 e 1989, mais de 100 mil pessoas tentaram fugir da RDA atravessando a fronteira entre as duas Alemanhas ou o próprio Muro de Berlim. Mais de cinco mil conseguiram. Pelo menos 136 morreram ao pé da construção.

O muro caiu 28 anos, dois meses e 27 dias mais tarde, marcando o fim do bloqueio soviético. Em 9 de novembro de 1989, os berlinenses voltaram a se reunir como se separaram em 13 de agosto de 1961: com lágrimas nos olhos.

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