Agência France-Presse
postado em 09/08/2011 12:43
Damasco - As forças de segurança Síria mataram 21 pessoas nesta terça-feira (9/8), dia em que o chanceler turco Ahmet Davutoglu foi recebido pelo presidente Bashar al-Assad para entregar uma mensagem de Ancara com um pedido pelo fim da repressão aos opositores.O presidente Assad recebeu Davutoglu ao lado do ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, informou o canal Dunia, ligado ao governo, sem revelar mais detalhes.
Nas ruas, as forças de segurança deram prosseguimento a suas operações em várias cidades e mataram 21 civis nesta terça-feira, 17 apenas em Deir Ezzor (leste), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Duas pessoas morreram na região de Idleb (noroeste), perto da Turquia, e outras duas em Hama (norte), segundo ativistas.
Davutoglu deveria apresentar uma mensagem enérgica às autoridades sírias para exigir o fim imediato da repressão das manifestações contra o regime, que matou mais de 1.600 civis desde 15 de março, segundo Ancara.
"Acabou a nossa paciência e por isto envio nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores à Síria", declarou no sábado o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
"A Turquia não pode ficar como espectadora diante dos acontecimentos em um país com o qual compartilha uma fronteira de 850 km, vínculos históricos, culturais e familiares", completou.
Mas o governo da Síria reagiu no domingo e criticou a Turquia por não condenar "os assassinatos selvagens cometidos por grupos terroristas armados contra civis e militares". Também destacou que rejeita as tentativas de intereferência nos assuntos internos.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu no domingo ao chanceler turco que insistisse com Damasco pela retirada dos soldados das ruas.
O movimento "Syrian Revolution 2011" convidou, em sua página do Facebook, Davutoglu a rezar na mesquita do bairro de Al-Midan de Damasco para estar mais próximo das reivindicações do povo sírio.
O regime parece estar cada vez mais isolado, depois de ter sido abandonado nos últimos dias por três monarquias do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, e condenado pela principal instituição do islã sunita, a Al-Azhar.
Arábia Saudita, Kuwait e Bahrein convocaram seus embaixadores em Damasco para consultas.
Desde o início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, em 1; de agosto, as manifestações são cotidianas. Na segunda-feira à noite, dezenas de pessoas protestaram na área dos prédios governamentais de Damasco, segundo militantes dos direitos humanos.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que 200 pessoas foram detidas na segunda-feira em Zamalka, nas proximidades da capital.
"A situação continua sendo muito perigosa, o regime está ameaçado pela comunidade internacional: ou retira os tanque das cidades e os protestos seguem até a queda do regime, ou a comunidade internacional atuará para derrubar o regime de Assad ao retirar sua legitimidade", comentou um advogado de defesa dos direitos humanos que pediu anonimato.