Agência France-Presse
postado em 11/08/2011 18:30
Jerusalém - Israel autorizou definitivamente nesta quinta-feira (11/8) a construção de 1.600 residências para colonos em Jerusalém Oriental, alegando enfrentar a crise econômica, mas a medida, "energicamente" condenada pela Autoridade Palestina, pode sofrer críticas da comunidade internacional.O ministro do Interior de Israel autorizou definitivamente a construção destas residências no bairro de colonização de Ramat Shlomo, em Jerusalém Oriental. O ministro do Interior, Eli Yishai, também tem a intenção de aprovar "nos próximos dias" mais 2.000 casas no bairro de colonização israelense de Givat Hamatos, e outras 600 em Pisgat Zeev, também em Jerusalém Oriental, indicou um porta-voz do ministro.
Os projetos foram aprovados "devido à crise econômica em Israel, isto vai ajudar aqueles que buscam terrenos para construir em Jerusalém", acrescentou, referindo-se ao movimento de protesto social que sacode o país desde meados de julho.
Este movimento sem precedentes em Israel mobilizou no sábado mais de 300.000 manifestantes para exigir "justiça social". As manifestações são consideradas a continuação do movimento contra o aumento desenfreado dos preços dos imóveis.
Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, a decisão de construir as novas residências para colonos, "não tem nada de política, é apenas econômica". Para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a construção acelerada de residências acarretará com o tempo uma queda dos preços.
O porta-voz ressaltou que o projeto das 1.600 casas em Ramat Shlomo havia sido anunciado em março de 2010 durante uma visita do vice-presidente americano, Joe Biden. "Este anúncio foi muito polêmico", lembrou. O anúncio efetivamente tinha gerado graves tensões com os Estados Unidos. A comunidade internacional não reconhece a anexação de Jerusalém Oriental, ocupada em junho de 1967 por Israel, e considera ilegais as colônias.
[SAIBAMAIS]
Em nome dos palestinos, o negociador Saeb Erakat condenou "energicamente a decisão israelense".
Há exatamente uma semana, na quinta-feira 4 de agosto, o Ministério do Interior de Israel já tinha dado a sua aprovação definitiva para a construção de 900 novas residências próximo ao bairro de colonização de Har Homa, em Jerusalém Oriental.
As construções vão estender amplamente a superfície do bairro de colonização de Har Homa, situado próximo à cidade palestina de Belém (Cisjordânia).
Hagit Ofran, do movimento pacifista "Paz Agora", havia classificado a aprovação do Ministério do Interior dada em 4 de agosto de "muito grave".
Mais de 300 mil israelenses vivem nas colônias da Cisjordânia ocupada e esse número não para de crescer. Outros 200 mil estão instalados em bairros colonizados em Jerusalém Oriental, onde também vivem cerca de 270 mil palestinos.
Para retomar as negociações de paz, bloqueadas há um ano, os palestinos exigem uma nova moratória da colonização, incluindo em Jerusalém Oriental, algo que Israel se nega a fazer, apesar das pressões internacionais.