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Rebeldes líbios ganham terreno em Brega e na região de Misrata

Agência France-Presse
postado em 12/08/2011 18:32
BENGHAZI - Os rebeldes líbios ganharam terreno no leste do país nesta sexta-feira, chegando às portas de Brega, e lançaram uma ofensiva no oeste para acabar com os disparos de mísseis em direção a Misrata, quase seis meses depois do início da revolta contra o regime de Muamar Kadhafi.

No entanto, divisões dentro da rebelião ficaram novamente em evidência com o apelo pelo fim das revoltas feito pelo ministro rebelde da Defesa, Jallal al-Digheily, nesta sexta-feira em Benghazi. Além disso, parte dos rebeldes o acusa de ser o responsável indireto pela morte do general Abdel Fatah Yunes.

Yunes foi um dos pilares do regime antes de passar para o lado dos rebeldes e foi assassinado no dia 28 de julho, numa ação que provoca muitas especulações sobre os verdadeiros autores do crime. O caso trouxe dúvidas sobre a credibilidade do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político da rebelião) e sobre a existência de uma "quinta coluna" pró-Kadhafi. Como consequência desse assassinato, o CNT dissolveu todo o poder executivo e deverá nomear um novo grupo nos próximos dias.

As forças leais ao regime, por sua vez, estão tão reduzidas que não podem realizar uma "ofensiva aceitável", considerou o chefe das operações militares da Otan na Líbia, o canadense Charles Bouchard, em uma entrevista concedida na quinta-feira à AFP.

Após vários meses de estancamento, "as forças anti-Kadhafi têm ganhado força para deter a violência contra a população", assegurou. "Notam-se mudanças" nas três frentes: Brega a leste, Misrata a oeste e em Djebel Nefusa, a sudeste de Trípoli.

Na quinta-feira, os rebeldes líbios asseguraram que haviam entrado na cidade de Brega e obrigado as forças leais ao coronel Muamar Kadhafi a recuar. "Nossos combatentes entraram em Brega, tomaram o controle da zona residencial número 3", assegurou à AFP o porta-voz militar da rebelião em Benghazi, Mohamed Zawiwa. Essas declarações não foram confirmadas por fontes independentes.

A "zona residencial" de Brega, dividida em três bairros distintos, está a leste da cidade petroleira situada na costa do golfo de Sirte, 240 quilômetros a sudoeste de Benghazi, "capital" dos rebeldes. Brega está nas mãos das forças leais a Kadhafi que enfrentam há três semanas a pressão militar dos rebeldes, apoiados por aviões e helicópteros da Otan.

Na quarta-feira, combatentes rebeldes estavam próximos do limite desta cidade, nos arredores da zona residencial, constatou um jornalista da AFP, e os lados rivais travavam confrontos de artilharia.

As forças do regime têm sólidas linhas de defesa nesta cidade litorânea, com centenas de minas e um engenhoso sistema de túneis subterrâneos de onde os veículos militares podem escapar dos bombardeios da Otan. Além do controle das instalações petroleiras, o objetivo dos rebeldes no leste é "aliviar outras frentes como Misrata e Djebel Nefusa, retendo e debilitando o maior número possível de forças de Kadhafi", explicou Fawzi Bukatif, um dos chefes militares da insurreição.

No oeste, os rebeldes de Misrata (cidade rebelde a 200 km a leste de Trípoli) lançaram na quinta-feira una ofensiva sobre Tuarga, localizada 40 km ao sul, para impedir o lançamento de mísseis das tropas do regime em direção a Misrata.

Esta cidade portuária, que tinha meio milhão de habitantes antes do início da revolta, em meados de fevereiro, tenta se recuperar dos violentos combates que foram travados durante meses, até que as tropas rebeldes, graças aos ataques da Otan, romperam o cerco das forças leais ao regime.

Na frente diplomática, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou nesta quinta-feira preocupação com o crescente número de vítimas civis no conflito na Líbia, incluindo as causadas pelos ataques aéreos da Otan.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, assegurou nesta sexta-feira que seu país irá "até o final de sua missão" na Líbia, e a Rússia anunciou que começará a aplicar as sanções adotadas pela ONU em março contra a Líbia, como proibir as transações financeiras com o regime de Muamar Kadhafi.

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