Agência France-Presse
postado em 12/08/2011 21:04
WASHINGTON - Os ataques de aviões sem piloto (drones) da CIA no Paquistão provocaram a morte de centenas de civis desde a implantação desta política, em 2004, destinada a eliminar os combatentes islamitas, denunciou o estudo de uma ONG baseada em Londres. As conclusões do relatório da ONG Birô para o Jornalismo Investigativo, publicadas esta quinta-feira, foram firmemente desmentidas na sexta-feira por funcionários americanos.A CIA fez 291 ataques de aviões sem piloto em sete anos, dos quais 236 desde a chegada ao poder de Barack Obama, em janeiro de 2009. Apenas 126 militantes islamitas foram identificados. Segundo este estudo, o número de civis mortos nestes ataques variou de 385 a 775, entre os quais de 164 a 168 crianças. "As vítimas civis parecem ter diminuído no ano passado. Mas a ONG dispõe de provas confiáveis sobre a morte de pelo menos 45 civis em dez ataques durante este período", destacou o relatório.
Os Estados Unidos não reconhecem oficialmente o uso de aviões sem piloto no Paquistão para eliminar combatentes da Al-Qaeda. Para funcionários americanos que fizeram declarações sob a condição de ter a identidade preservada, os números do estudo são "falsos". "Estão longe da realidade", disse uma destas fontes à AFP. "No ano passado, 600 militantes, entre eles vinte chefes terroristas, foram eliminados. Durante este período, não tivemos a confirmação de nenhuma vítima civil", afirmou.
Segundo a fonte, dois mil militantes da Al-Qaeda foram abatidos desde 2001, bem como 50 não combatentes, nenhum desde maio de 2010. "O próprio Birô para o Jornalismo Investigativo sustenta que não pode corroborar estas afirmações. Nós vemos o campo de batalha em tempo real, não o Birô para o Jornalismo Investigativo", acrescentou a fonte.
Mirza Shahzad Akbar, advogado paquistanês que denunciou a CIA na Justiça, é um dos que acusam a agência de inteligência de provocar a morte de civis. "Suas provas, se podemos falar de provas, vêm de um comunicado de imprensa. Sua campanha busca pôr alvos nas costas dos americanos que servem no Paquistão e no Afeganistão. Seu objetivo é claro como vidro", comentou a fonte americana.