postado em 13/08/2011 12:00
O ex-presidente de Cuba Fidel Castro, patriarca do regime comunista, completa hoje 85 anos de idade. Em homenagem ao homem que em 1; de janeiro de 1959 derrotou o ditador Fulgencio Batista haverá serenatas, discursos, uma mostra de artes plásticas, e até o casamento entre um transexual e um homossexual. Será a primeira união civil gay na ilha, onde apenas recentemente foram legalizadas as operações de mudança de sexo, e onde até há poucos anos nem mesmo o desfile anual da comunidade LGBT era tolerado.Desde que Fidel entregou o comando do país ao irmão mais novo, Raúl, em 2006 ; o novo líder foi confirmado como presidente apenas em fevereiro de 2008 ;, iniciou-se um processo de abertura econômica e social. Embora tímido e insuficiente, na visão dos opositores, ele permitiu avanços como o fim da perseguição sumária aos homossexuais. Até os anos 1990, eles eram presos apenas por se declararem. Nas décadas de 1960 e 1970, eram internados em clínicas psiquiátricas.
Há exatamente um ano, o Comandante chamou para si toda a responsabilidade pela perseguição aos gays no país. ;Se alguém é responsável por aqueles acontecimentos, sou eu;, afirmou em entrevista ao jornal mexicano La Jornada. Ainda assim, a declaração do líder, nascido na fazenda do pai, o imigrante espanhol Alejandro Castro, no leste do país, não fez avançar um projeto de lei apresentado em 2007. Essa iniciativa, de Mariela Castro, filha de Raúl, pretende combater a discriminação e reconhecer os direitos dos transexuais e homossexuais. Mariela, sexóloga, batalhou durante anos pelo fim da perseguição, como parte de um programa de combate à Aids. Foi por seu esforço que a parada do orgulho gay passou a ser autorizada em Cuba, e que desde 2008 o governo de Havana patrocina operações de mudança de sexo.
Sem provocação
;Faremos o primeiro casamento entre gays em Cuba, mas não quero que isso seja visto como um acontecimento político, embora seja um presente para Fidel. Não me preocupa o que o governo pensa;, declarou à agência de notícias France-Presse Wendy Iriepa. Ela é a noiva transexual, de 37 anos, que antes se chamava Alexis. Seu futuro marido, Ignacio Estrada, 31 anos, lembrou que casamentos entre pessoas do mesmo sexo não são reconhecidos pela legislação de Cuba. Contudo, como Iriepa teve a nova identidade feminina reconhecida pelas autoridades, a união será considerada legal. ;Não é um ato de provocação. É um reconhecimento, pela primeira vez, em 52 anos, de que a revolução admitiu culpa, embora isso não a isente completamente;, acrescentou Estrada.
O casal convidou Mariela Castro para ser madrinha, mas ela não aceitou, porque Estrada é um declarado opositor ao governo. A honra ficou para a blogueira cubana Yoani Sánchez, ilustre contestadora do regime.