Agência France-Presse
postado em 17/08/2011 16:03
LONDRES - O ex-chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, obrigado a se demitir em julho em meio ao escândalo das escutas telefônicas, foi inocentado, mas um de seus ajudantes, John Yates, será alvo de uma investigação separada, anunciou nesta quarta-feira a Comissão de Controle da polícia britânica.A Independent Police Complaints Commission (IPCC) investigou em julho as relações de vários oficiais da Scotland Yard com o grupo de comunicação de Murdoch e seu papel na investigação sobre os grampos telefônicos do News of the World, jornal sensacionalista do império Murdock.
Nesta quarta-feira (17/8), o IPCC afirmou não haver provas de conduta repreensível por parte de Paul Stephenson, embora ele seja por principal responsável por seus subordinados, entre eles John Yates, que tomou em 2009 a "má decisão" de não reabrir a investigação sobre as escutas, apesar das novas revelações sobre a amplitude dessa prática. As conclusões desta investigação independente são "o que eu já esperava", reagiu Paul Stephenon, lamentando que "recursos foram gastos a propósito deste caso".
Paul Stephenson e John Yates, chefe de antiterrorismo, demitiram-se em julho após a revelação de que a Scotland Yard havia contratado em 2009 o ex-editor ligado ao News of the World, Neil Wallis, para ser consultor de relações públicas.
Os dois homens negaram ter conhecimento de qualquer envolvimento de Neil Wallis em grampos telefônicos.
Neil Wallis permaneceu onze meses, a partir de 2009, como conselheiro na Scotland Yard, no mesmo momento em que John Yates julgou ser inútil reabrir a investigação arquivada em 2006. Essa "decisão ruim" não foi considerada como um erro pela comissão. Por outro lado, o IPCC decidiu dar início a uma investigação específica sobre as condições nas quais a filha de Neil Wallis, Amis, foi empregada pela Scotland Yard, depois de um pequeno empurrão de John Yates.
O IPCC mantém a investigação em três direções: a contratação de Neil Wallis, a da sua filha, e as alegações de corrupção de funcionários. Policiais são suspeitos de fornecerem ao New of the World informações em troca de dinheiro.
John Yates negou veementemente nesta quarta qualquer irregularidade e se diz "absolutamente confiante" quanto ao fato de ser "desculpado".
O caso das escutas enfraqueceu a direção da Scotland Yard, suscitando suspeitas sobre a ação de policiais corruptos e desestabilizando profundamente a instituição, que foi criticada pela lenta reação após os tumultos ocorridos na Grã Bretanha no início de agosto.
A ministra do Interior, Theresa May, afirmou na terça-feira que o futuro chefe da Scotland Yard será britânico, acabando com os rumores de uma possível nomeação do "super-policial" americano, Bill Bratton, antigo chefe da polícia de Nova Iorque.
As candidaturas deverão ser feitas até quarta-feira próxima. O novo chefe da Scotland Yard terá a difícil missão de reformar a instituição, fragilizada pelos tumultos e com as economias em 20% para os quatro anos de mandato, tudo isso junto com os Jogos Olímpicos que acontecerão no verão de 2012 na capital.