Jornal Correio Braziliense

Mundo

Novo ciclo de confrontos entre Israel e palestinos após triplo atentado

GAZA - Um novo ciclo de confronto foi iniciado nesta sexta-feira (19/8) entre Israel e a Faixa de Gaza com bombardeios contra ativistas palestinos e o lançamento de foguetes ao sul do território israelense, um dia depois do triplo atentado em Eilat. A tensão ampliou-se ao Egito depois da morte de três policiais egípcios, em circunstâncias não esclarecidas, na fronteira com Israel.

Os ataques aéreos lançados pelo exército israelense sobre Gaza em represália aos atentados de quinta-feira nos quais oito israelenses morreram, deixaram nas últimas 24 horas 14 palestinos mortos e 40 feridos. Na mira dos bombardeios israelenses está o grupo radical palestino Comitês de Resistência Popular (CPR), acusado por Israel, apesar de sua negativa, de ser o autor dos atentados realizados na quinta-feira perto do balneário de Eilat.

Dois atividas das Brigadas Al Qods, braço armado da Jihad Islâmica, outra organização extremista, morreram nesta sexta-feira. "Nossa política consiste em fazer aqueles que nos atacam pagarem um preço muito elevado", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em comunicado.

A escalada da violência das últimas horas faz temer outro conflito na região. Os ataques aéreos "não são mais do que a primeira resposta", advertiu Netanyahu, que visitou os soldados feridos nos atentados de quinta-feira.

O porta-voz do Exército israelense, o general Yoav Mordehai, não excluiu a possibilidade de uma operação terrestre na Faixa de Gaza, controlada pelos islamitas palestinos do Hamas. Nas últimas horas, combatentes de Gaza lançaram um total de 25 artefatos contra o sul de Israel, segundo um balanço do exército israelense, deixando uma pessoa gravemente ferida.

No total, sete palestinos morreram nesta sexta-feira em Gaza, segundo fontes médicas, entre eles um comandante do CRP, Sameb Abed, 25 anos, segundo um comunicado do grupo. Seis palestinos ficaram feridos, completaram as fontes médicas. Na quinta-feira, sete palestinos morreram, entre eles o chefe das CRP Kamal al Nayrab e outros líderes do grupo, nos primeiros ataques israelenses contra Gaza.

Em um comunicado, o exército israelense disse ter atacado "terroristas que se preparavam para lançar foguetes contra Israel de três lugares diferentes do norte da Faixa de Gaza".

As CRP negaram qualquer envolvimento nos atentados de Eilat, mas prometeram vingar a morte de seus membros. Reivindicaram o lançamento de "cinco foguetes Grad, três foguetes Naser e sete obuses de morteiro". "Os ocupantes (israelenses) acabam de abrir uma porta para a vingança que não poderão fechar", advertiu seu porta-voz Abu Mudjahid. "Trata-se de uma escalada injustificada e nós, no CRP, já não estamos presos a nenhuma obrigação", advertiu, em referência à trégua que havia desde 10 de abril entre Israel e as principais organizações armadas de Gaza.

Em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para frear os ataques israelenses contra Gaza, declarou à AFP o negociador palestino Saeb Erakat.

Em um comunicado, a Anistia Internacional pediu aos israelenses e palestinos que protejam a vida dos civis: "os mortos e feridos civis dos últimos dias em Israel e em Gaza são profundamente alarmantes e esta escalada afirma a necessidade para cada parte no conflito de tomar todas as precauções possíveis para evitar as perdas civis".

O Egito, por sua vez, protestou oficialmente diante de Israel depois da morte de três policiais e pediu uma investigação, segundo a agência oficial MENA. "O sangue do egípcio é muito caro para ser derramado sem resposta", reagiu o primeiro-ministro egípcio, Esam Sharaf, em uma mensagem publicada no Facebook.

Centenas de pessoas reuniram-se nesta sexta-feira à noite em frente a embaixada de Israel no Cairo em sinal de protesto e pediram a expulsão do embaixador, segundo uma jornalista da AFP.