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ONU aponta 2.200 mortos na Síria e acusa Assad de não cumprir promessas

Agência France-Presse
postado em 22/08/2011 16:24
Damasco - A ONU revisou para cima nesta segunda-feira o número de vítimas da repressão na Síria, que ficou em mais de 2.200, e seu secretário-geral, Ban Ki-moon, acusou o presidente sírio, Bashar al-Assad, de não cumprir seus compromissos.

Pelo menos cinco pessoas morreram nesta segunda-feira, um dia depois de o presidente Assad se negar a deixar o poder, como exigem Estados Unidos e seus aliados ocidentais.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciou nesta segunda-feira durante uma sessão extraordinária em Genebra a continuação da repressão na Síria e acentuou a pressão sobre Damasco, para que seja formada uma comissão independente.

As violações dos Direitos Humanos "continuam atualmente na Síria", declarou durante a abertura da sessão a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, segundo a qual houve 2.200 mortos desde o início da revolta, em meados de março passado, sendo que 350 morreram desde o início do mês do Ramadã, agosto.

A sessão, convocada a pedido de 24 países membros, entre eles os quatro árabes do Conselho - Arábia Saudita, Jordânia, Qatar e Kuwait - deve votar, provavelmente na terça-feira, um projeto de resolução que inste as autoridades sírias a "colocar fim, imediatamente, a todos os atos violentos contra a população".

O texto pede o envio urgente de uma comissão independente ao local para "realizar investigações sobre as violações dos Direitos Humanos na Síria" e a "identificação dos autores para garantir" que respondam por seus atos.

O representante da Síria, Faisal Khabaz Hamui, considerou que "a linguagem utilizada no projeto de resolução é odiosa" e que seu voto "não faria mais do que prolongar a crise na Síria".

Por sua vez, Ban Ki-moon considerou "problemática" a incapacidade de Bashar al-Assad de respeitar suas promessas, particularmente a de suspender a repressão militar contra a oposição, declarou à imprensa nesta segunda-feira.

No domingo à noite, o chefe do Estado sírio desdenhou os apelos de vários países, que pedem sua renúncia.

"Ao nos abstermos de reagir, dizemos (aos países ocidentais) que suas declarações não têm valor", disse em uma entrevista transmitida pela televisão.

Em seu discurso de domingo, Assad também advertiu para uma intervenção estrangeira: "qualquer ação militar contra a Síria terá consequências muito mais graves do que podemos imaginar".

A oposição síria é hostil à intervenção militar estrangeira, como a realizada na Líbia, e propôs derrubar o regime sozinha.

Por outro lado, o presidente da Liga Síria de Direitos Humanos, Abdel Karim Rihaui, foi libertado nesta segunda-feira depois de passar dez dias detido, anunciou seu advogado Jalil Matuk.

Por último, nesta segunda-feira, o chefe de Estado publicou um decreto de aplicação sobre a formação de uma comissão habilitada para legalizar os partidos políticos, segundo a agência oficial Sana. Presidida pelo ministro do Interior, a comissão é composta por dois advogados e um juiz.

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