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Rebelião líbia controla maior parte de Trípoli e proclama fim da era Kadafi

Agência France-Presse
postado em 22/08/2011 19:13
Trípoli - Líderes rebeldes da Líbia, que dominaram nesta segunda-feira (22/8) a maior parte da capital do país, Trípoli, proclamaram o fim do regime de Muamar Kadhafi, que governou o país com mão de ferro por mais de 40 anos.

Segundo o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafah Abdelkhalil, os rebeldes ainda desconhecem o paradeiro de Kadhafi e alguns setores da capital ainda não estão sob controle dos insurgentes, incluindo o que abriga a residência do coronel líbio.

"Espero que ele seja capturado vivo, para que receba um julgamento justo", disse Abdelkhalil durante uma entrevista coletiva em Benghazi, capital dos rebeldes no leste da Líbia.

O presidente americano, Barack Obama e membros da União Europeia fizeram coro aos rebeldes, afirmando que a melhor saída para Kadhafi neste momento seria entregar-se.

Já contando com uma queda do governo de Kadhafi, Obama prometeu que Washington será "um amigo e parceiro" do país no futuro e pediu "uma transição inclusiva que conduza a uma Líbia democrática".

"O regime de Kadhafi está chegando ao fim. O futuro da Líbia está nas mãos de seu povo", declarou o presidente americano, na ilha de Martha;s Vineyard (Massachusetts, nordeste dos EUA), onde passa férias por alguns dias com a família.

Obama, que fez estas declarações em cadeia de rádio, destacou que Muamar Kadhafi "ainda tem a possibilidade de impedir um novo banho de sangue, ao renunciar espontaneamente ao poder (...) e pedindo às forças que continuam a se enfrentar que deixem suas armas".

A Espanha, por sua vez, pediu a adoção por parte da ONU de uma nova resolução urgente para pôr fim à violência na Líbia, disseram nesta segunda-feira as ministras de Assuntos Exteriores, Trinidad Jiménez, e de Defesa, Carme Chacón.

Em Trípoli, os rebeldes chegaram à Praça Verde - lugar simbólico no qual os partidários do regime costumavam reunir-se - e a rebatizaram como "Praça dos Mártires".

Os rebeldes também controlaram a sede da televisão estatal, que não transmitiu sua programação diária, afirmou de Benghazi à AFP o porta-voz militar da rebelião, Mohamed Zawiwa.

No Cairo, um representante do CNT afirmou que o país não autorizará a instalação de bases militares da Otan após a saída do coronel Kadhafi, segundo a agência de notícias egípcia Mena.

"A Líbia é uma nação árabe e islâmica antes da Otan e seguirá sendo depois da Otan", declarou o enviado especial do CNT na Liga Árabe, Abdel Moneim al Huweini,

Segundo ele, "os líbios se rebelaram contra os ocidentais em 1970 e não existirão bases que não sejam líbias".

Huweini completou que os rebeldes são agradecidos à Otan, que efetuou os bombardeios que ajudaram os insurgentes pouco experientes e permitiu minimizar as perdas de vidas humanas.

Segundo o chanceler italiano, Franco Frattini, o regime do coronel Kadhafi controlava nesta segunda-feira apenas "entre 10 e 15%" de Trípoli.

Uma fonte diplomática que pediu anonimato afirmou que Kadhafi ainda estaria em sua residência do bairro de Bab al-Aziziya em Trípoli.

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, esperam que a ofensiva conduza a uma rápida vitória, mais de seis meses depois do início dos protestos populares contra Kadhafi no contexto da "Primavera Árabe" que já derrubou os presidentes egípcio Hosni Mubarak e tunisiano Ben Ali.

Em Benghazi, dezenas de moradores de habitantes tomaram as ruas da "capital" dos rebeldes no leste da Líbia para celebrar o fim próximo do regime.

Apesar do sucesso aparente dos rebeldes, o porta-voz do regime, Mussa Ibrahim, afirmou que "o regime continua sendo forte e milhares de voluntários e soldados estão prontos para a batalha". De acordo com ele, 1.300 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Trípoli, mas não foi possível confirmar o balanço.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) confirmou que Seif al-Islam, o filho de Kadhafi que viveu e estudo em Londres, foi detido. Segundo a imprensa, outro filho, Mohamed Kadhafi, estaria encurralado dentro de casa.

A ;Operação Sirene;, iniciada sábado, acontece em coordenação entre o CNT e os soldados rebeldes, segundo o porta-voz dos insurgentes, Ahmed Jibril, que também mencionou a participação da Otan.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, conversou com Jibril e disse que o líder rebelde visitará Paris na quarta-feira, além de ter condenado os pedidos "irresponsáveis e desesperados" de Kadhafi a favor da continuidade dos combates.

O primeiro-ministro britânico David Cameron afirmou nesta segunda-feira que o regime líbio de Muamar Kadhafi está em "plena retirada" e deve abandonar qualquer esperança de permanecer no poder.

A China anunciou que respeita a decisão do povo líbio e espera que a estabilidade retorne rapidamente à Líbia.

A África do Sul negou ter enviado aviões à Líbia para facilitar uma saída de Kadhafi.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, se declarou nesta segunda-feira "totalmente solidário" com o governo rebelde na Líbia.

O Egito reconheceu o órgão político dos rebeldes líbios como governo legítimo da Líbia.

O presidente venezuelano Hugo Chávez, estreito aliado de Kadhafi, criticou no domingo os governos da Europa e Estados Unidos que segundo ele "estão demolindo Trípoli com suas bombas".

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