Agência France-Presse
postado em 23/08/2011 17:52
NOVA YORK - O juiz americano Michael Obus decidiu nesta terça-feira (23/8) rejeitar todas as acusações contra Dominique Strauss-Kahn por crimes sexuais, conforme solicitou a promotoria, após as denúncias de uma funcionária do hotel Sofitel de Nova York. Os advogados da camareira Nafissatou Diallo entraram com uma apelação da decisão, pedindo um promotor especial para o caso, mas esta foi rejeitada por um tribunal americano, abrindo caminho para que Strauss-Kahn possa retornar à França.Depois de uma batalha legal de três meses que atraiu a atenção da mídia mundial e causou alvoroço no meio político francês, promotores afirmaram que a credibilidade da camareira que acusou Strauss-Kahn de estupro tinha sido severamente abalada. Em um tribunal lotado em Manhattan, o juiz Michael Obus concordou em retirar todas as acusações e rejeitou a última tentativa dos advogados da camareira de obter a nomeação de um promotor especial.
[SAIBAMAIS]Strauss-Kahn, 62 anos, aparentava visível alívio ao deixar o edifício acompanhado de sua mulher Anne Sinclair, que o apoiou desde o início do escândalo sexual, em maio. "Este é o fim de um suplício terrível e injusto", disse Strauss-Kahn a jornalistas do lado de fora de sua residência temporária em Lower Manhattan. "Estou ansioso para retornar ao meu país, mas há algumas coisas que preciso fazer antes de ir embora", disse Strauss-Kahn, completando: "Vou falar com mais detalhes quando que estiver na França".
Strauss-Kahn disse estar "aliviado" por sua mulher, filhos e por "todos os que me apoiaram enviando cartas e emails". "Quero que saibam que seu apoio foi muito significativo", disse. Em um comunicado separado, o político, que chegou a liderar as pesquisas pré-eleitorais para as eleições presidenciais francesas, chamou a batalha judicial de "pesadelo".
Mesmo que ele retorne à França, a reputação de Strauss-Kahn foi amplamente prejudicada pelo escândalo que o levou a deixar o cargo de chefe do Fundo Monetário Internacional e adiar seus planos de candidatura à presidência da França. Manifestantes, em sua maioria mulheres, protestavam na frente do tribunal nesta terça-feira. Uma delas, referia-se a Strauss-Kahn com as iniciais com as quais ele é conhecido na França, gritando: "DSK, você é um desgraçado doente, e sua mulher é ainda mais doente".
A promotora Joan Illuzzi-Orbon afirmou, no entanto, que a decisão de solicitar a retirada das acusações contra Strauss-Kahn não foi tomada "levianamente". "A acusadora teve relações sexuais com o réu", disse, mas acrescentou: "o caso surgiu e caiu por conta de seus depoimentos".
A acusadora, de 32 anos, a camareira Nafissatou Diallo, "minou gravemente sua confiabilidade como testemunha neste caso", disse. Kenneth Thompson, advogado da imigrante africana, prometeu entrar com uma ação civil e empregou duras palavras para se referir ao promotor do distrito de Nova York, Cyrus Vance. "O promotor Vance abandonou uma mulher inocente e negou a ela o direito à justiça em um caso de estupro", disse Thompson, acrescentando que o promotor do distrito "deu as costas" às provas forenses, médicas e físicas.
O escândalo recebeu atenção internacional em 14 de maio, quando Strauss-Kahn foi retirado pela polícia de Nova York de uma aeronave da Air France, momentos antes de sua partida rumo a Paris.
O caso começou a perder força semanas mais tarde, quando promotores anunciaram que Diallo mentiu em seu formulário de pedido de asilo nos Estados Unidos, no qual alegou que teria sofrido estupro coletivo em seu país de origem, a Guiné. Além disso, ela foi acusada de ter mencionado a riqueza de Strauss-Kahn em uma conversa por telefone com um homem também da Guiné que está atualmente preso nos Estados Unidos.
Em um texto de 25 páginas entregue na segunda-feira no qual Vance pede que o juiz rejeite todas as acusações contra Strauss-Kahn, os promotores dizem que o "efeito cumulativo" das mentiras da camareira seriam "devastadores". Diallo estava "persistentemente, e às vezes de forma inexplicável, mentindo ao descrever questões tanto importantes como insignificantes", disseram. "A natureza e o número das mentiras nos deixam incapazes de dar credibilidade à versão dela sobre os eventos, seja qual for a verdade sobre o que ocorreu" no hotel.