Agência France-Presse
postado em 26/08/2011 17:12
Damasco - Seis pessoas morreram esta sexta-feira (26/8), a última do jejum muçulmano do Ramadã, no qual dezenas de milhares de pessoas se reuniram para expressar sua oposição ao regime de Bashar Al Assada na Síria, onde a missão da ONU considera "urgente" proteger os civis. Três morreram em Deir Ezor, uma cidade situada 460 km a nordeste de Damasco, declarou Rami Abdel Rahman, do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Outro perdeu a vida em Nawa (sul), e um jovem de 16 anos morreu na cidade de Idleb.Por outro lado, em Maaret Annoman, 250 km ao norte de Damasco, um homem de 56 anos morreu enquanto estava detido e o seu corpo permanece nas mãos das forças de segurança, afirmou sua família à OSDH. Outras 25 pessoas ficaram feridas em todo o país, inclusive, segundo a agência oficial SANA, três membros das forças de segurança, vítimas de disparos em um ataque praticado por homens armados e encapuzados, dois dos quais foram executados.
Segundo fontes da oposição, dezenas de milhares de sírios protestaram em várias cidades do país, esta sexta-feira. Os opositores instaram seus compatriotas a se unir porque ;o Direito vencerá;. Os manifestantes foram às ruas em várias cidades, gritando palavras de ordem como "Bashar, não queremos você nem que se transforme da noite para o dia" ou "Somos os homens da liberdade".
Segundo a ONU, mais de 2.200 pessoas, a grande maioria civis, morreram na repressão ao movimento de protesto contra o regime do presidente Bashar al Asad, iniciado em março. O embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, disse em 11 de agosto que os manifestantes mataram 500 membros das forças de segurança.
Uma missão humanitária da ONU enviada à Síria concluiu esta sexta-feira que "embora não haja crise humanitária ao nível nacional, existe uma necessidade urgente de proteger os civis contra o uso excessivo da força", declarou esta sexta-feira o porta-voz adjunto do organismo, Farhan Haq.
O emir do Qatar, Hamad Ben Jalifa Al Thani, qualificou de "estéril", nesta sexta-feira, a repressão na Síria e instou Damasco a aplicar reformas imediatas. "O povo sírio não está disposto a abandonar suas reivindicações, depois de ter pago um preço tão alto", disse o emir. "O povo sírio sai às ruas (...) para obter justiça e liberdade", afirmou.
Por enquanto, as potências ocidentais não conseguiram convencer os demais membros do Conselho de Segurança da ONU para votar sua proposta de suas sanções contra a Síria. O governador do banco central sírio Adib Mayaleh disse esta sexta-feira, em entrevista à AFP, que os sírios terão que apertar o cinto por causa das sanções econômicas impostas por Europa e Estados Unidos, que ao invés de castigar o regime, afeta os mais vulneráveis. "O embargo é um castigo a todos os sírios", disse.