Agência France-Presse
postado em 26/08/2011 18:22
Nova York - Duzentas e cinquenta mil pessoas começaram a ser retiradas, nesta sexta-feira (26/8), das zonas litorâneas mais vulneráveis de Nova York, e o prefeito Michael Bloomberg anunciou o não funcionamento de todos os transportes públicos neste final de semana, na perspectiva de chegada do furacão Irene. "Nunca impusemos uma retirada obrigatória e não o faríamos se não achássemos que a tempestade pudesse ser tão grave", declarou Bloomberg, em entrevista à imprensa. O Irene, disse ele, se dirige "diretamente para cá". Inclusive o presidente americano Barack Obama insistiu que se deve levar o Irene "a sério".
A ação diz respeito a 250.000 pessoas que vivem no sul de Manhattan, no Queens, em Brooklyn, em Staten Island e Coney Island, que devem deixar esses lugares antes das 17h, hora local (18h de Brasília), de sábado. Nova York, com 8 milhões de habitantes, é amplamente cercada por água. "É uma questão de vida ou morte", declarou Bloomberg, citando a forte possibilidade de inundações, subida das águas e ventos violentos. "Devemos nos preparar para o pior e esperar o melhor", acrescentou.
Os transportes públicos - ônibus e metrô - ficarão fechados a partir do meio-dia de sábado. Eles transportam, em média, 5 milhões de viajantes por dia, com exceção dos finais de semana. Noventa e um centros de acolhida serão abertos no início da tarde na cidade, podendo receber até 71.000 pessoas.
Em meio aos inúmeros conselhos transmitidos pelas redes locais de televisão, os nova-iorquinos começaram a estocar água, alimento, lanternas, pilhas e produtos de primeira necessidade. O prefeito pediu que evitassem os parques e permanecessem em casa, a partir de sábado até domingo à noite, pelo menos.
Nesta sexta-feira, cerca de 20 hospitais e casas de repouso nas zonas litorâneas mais vulneráveis retiraram doentes e os demais pacientes, levando-os para outros estabelecimentos. Várias universidades adiaram o início do ano letivo, previsto para domingo. Funcionários municipais trabalhavam à exaustão para fazer tudo o que pudessem.
No local onde havia o World Trade Center, foram tomadas medidas para proteger 13 enormes guindastes. Muitos nova-iorquinos deixaram o trabalho mais cedo para fazer compras, antes de voltar para casa. "Estoquei manteiga de amendoim, água, muitos pães. Vou ficar em casa. De qualquer forma, não tenho carro e não haverá transporte público", diz Allie Walker, uma trabalhadora de 25 anos.
"Estamos aqui para uma semana de férias, mas sem metrô, o que vamos fazer?", perguntava-se Maria, uma turista vinda de Barcelona com a família. Caroline chegou com as malas prontas ao escritório. "Vou para a casa da minha mãe, assim que puder", explicou.
O Irene deve atingir a Costa Leste no sábado de manhã, subindo depois em direção a Nova York, onde "uma tempestade extremamente perigosa" poderia provocar cheias de 3 a 4 metros, segundo o Centro nacional de furacões americano.
Verdadeiro "monstro", o Irene tem um diâmetro de cerca de 820 km, o equivalente a um terço do comprimento total da Costa leste americana (2.675 km), segundo estimativa da Nasa, feita a partir de satélites.