postado em 28/08/2011 08:00
A cidade de Nova York, nos Estados Unidos , deve viver um domingo apenas visto anteriormente em filmes de ficção. A histórica passagem do furacão Irene pela maior cidade norte-americana forçou ao menos 370 mil pessoas a deixarem suas casas e colocou milhões em alerta, naquela que é conhecida a ;capital do mundo;. Os ventos de 120km/h devem inundar as partes mais baixas da Ilha de Manhattan (veja o mapa), principal distrito da cidade. Nem a famosa rua dos teatros, a Broadway, escapou de ser fechada. A cidade que nunca dorme vive um fim de semana de tempestades e de medo. O olho do furacão Irene deve chegar a Nova York entre 8h e 9h (hora de Brasília). No estado vizinho de Nova Jersey, a retirada da população das regiões costeiras foi ainda maior. Pelo menos 1 milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Nas duas regiões, faltam água e alimentos nos supermercados. Itens como velas, pilhas e lanternas praticamente desapareceram das prateleiras das lojas, fechadas no início da tarde de sábado. Os americanos que deixaram para buscar suprimentos na última hora tiveram que pagar altas quantias pelos estoques de restaurantes, que só devem reabrir no início da semana.
Desde a noite de ontem, e pela primeira vez na história, todo o complexo sistema de transporte público da cidade está totalmente interrompido. Milhares de ônibus e trens não devem circular, pelo menos até o meio-dia de hoje. As pontes que ligam as diversas ilhas nova-iorquinas devem ser fechadas, caso os ventos ultrapassem 96km/h. Nos aeroportos, uma situação semelhante: todos os voos dos dois principais terminais da cidade ; ambos localizados em áreas de risco ; foram cancelados.
No sábado, pelo menos seis decolagens de companhias aéreas que ligam o Brasil à região de Nova York foram canceladas. Como em geral os voos entre os dois países são feitos no período noturno, o principal reflexo para os passageiros brasileiros deve ser no sentido inverso: cinco voos previstos para pousar no Rio de Janeiro e em São Paulo, vindos de Nova York e de Washington, não ocorrerão.
O furacão Irene tocou o solo dos Estados Unidos pela primeira vez às 8h de ontem (hora local), em Cape Lookout, na Carolina do Norte, onde 300 mil pessoas ficaram sem eletricidade. Já estava debilitado e sem a mesma violência vista na América Central, onde ventos de quase 200km/h causaram quatro mortes. Mesmo mais fraca ; a tempestade caiu da categoria 3 para a 1, a mais baixa da escala Saffir-Simpson (que vai até 5) ;, a tormenta matou duas pessoas no primeiro estado onde passou. Um homem morreu após seu carro bater em uma árvore. Um idoso teve um ataque cardíaco ao tentar proteger as janelas de sua casa. Uma pessoa permanece desaparecida na região. No estado da Virgínia, uma criança foi a terceira vítima confirmada dos ventos. Na região de Newport News, uma mulher dormia com o filho, quando a criança de 8 anos acordou e saiu de casa. O garoto foi encontrado morto sob os galhos de uma árvore. Outra pessoa morreu ao ter o carro atingido por uma árvore, em Brunswick.
A preocupação das autoridades é justificada pela experiência com o furacão Katrina, que destruiu grande parte de Nova Orleans, em 2005. O objetivo do governo é assegurar que a população não subestime os ventos. O presidente Barack Obama, que classificou a tormenta de ;histórica;, acompanha o fenômeno pelo Centro Nacional de Coordenação de Emergências, em Washington.