Agência France-Presse
postado em 28/08/2011 18:28
DAMASCO, 28 agosto 2011 (AFP) - Uma crise surgiu neste domingo entre a Síria e a Liga Árabe, que pediu que esse país "siga o caminho da razão antes que seja tarde demais", enquanto três pessoas morreram e outras nove ficaram feridas em um ataque das forças sírias no noroeste do país.O presidente Bashar al Assad promulgou neste domingo uma nova lei de imprensa, em meio às reformas anunciadas para diminuir os protestos contra seu regime, enquanto a oposição convocou uma nova rodada mundial de orações para os "mártires".
O comunicado da Liga Árabe significa "uma violação (...) clara dos princípios da Carta da Liga e de seus fundamentos na ação árabe conjunta", afirmou o regime de Damasco em uma nota enviada ao secretário-geral da organização.
Os delegados sírios protestam pelo fato de que a Liga tornou público um comunicado, "apesar de a reunião ter encerrado com um acordo sobre o fato de que não seria divulgada nenhuma nota ou declarações à imprensa".
A Liga Árabe manteve no sábado à noite uma reunião extraordinária sobre Síria e Líbia.
Os ministros árabes de Relações Exteriores que participaram da reunião pediram "para colocar fim ao derramamento de sangue e continuar pelo caminho da razão antes que seja tarde demais", e expressaram sua "preocupação com os graves acontecimentos na Síria, que deixaram milhares de vítimas e feridos".
Pediram também para "que o direito do povo sírio a viver em segurança fosse respeitado, assim como respeitar suas aspirações legítimas por reformas políticas e sociais".
O chefe da Liga, Nabil al Arabi, viajará em caráter de urgência a Damasco para levar "uma iniciativa para resolver a crise" na Síria, mas neste domingo disse que espera a aprovação do regime de Al-Assad.
A repressão síria deixou mais de 2.200 mortos desde seu início, em meados de março, segundo a ONU.
Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas neste domingo quando o exército sírio fez uma incursão em uma cidade próxima a Idleb (noroeste), segundo o presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
A agência síria Sana afirmou por sua vez que os guardas do Banco Agrícola dessa cidade mataram dois membros de um "grupo terrorista armado" e feriram outros dois que tentavam assaltar o estabelecimento.
Além disso, um opositor morreu durante uma manifestação neste domingo em Injel (sul), segundo o OSDH, cidade na qual foi realizado o funeral de Mohamad Sultan al Farwan, 14 anos, que foi gravemente ferido há duas semanas.
O coletivo "Syrian Revolution 2011" ("Revolução Síria 2011") convocou neste domingo por sua página no Facebook uma "oração pelos mártires" nas mesquitas e igrejas de 32 cidades de todo o mundo.
A nova lei de imprensa liberaliza parcialmente uma legislação muito repressiva, que condenava à prisão os jornalistas que atacassem "o prestígio e a dignidade do Estado, a unidade nacional e o moral do exército, a economia e a moeda nacional".