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Rebeldes dão ultimato para que combatentes pró-Kadafi se rendam até sábado

postado em 30/08/2011 18:41
BENGASI - Os rebeldes líbios lançaram nesta terça-feira um ultimato aos últimos combatentes pró-Kadhafi para que se rendam antes de sábado, enquanto seguiam tentando reconquistar Sirte, um dos últimos bastiões dos partidários de Muamar Kadhafi.

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafah Abdeljalil, afirmou que há negociações com autoridades das cidades nas quais ainda há combates para tentar obter sua rendição, principalmente em Sirte.

Segundo Abdeljalil, o prazo para a rendição "expirará (...) no sábado, se não houver uma saída pacífica à vista no terreno", disse à imprensa em Benghazi, a "capital" da insurgência. "O lançamento da batalha final é iminente", declarou por sua vez o porta-voz militar dos rebeldes, o coronel Ahmed Omar Bani, em Benghazi. Enquanto isso, a Argélia, criticada pelos rebeldes por ter acolhido a esposa do "guia" líbio e três de seus filhos, Mohamed, Aníbal e Aisha, evocou esta terça-feira "razões estritamente humanitárias" para recebê-los.

[SAIBAMAIS]O CNT julgou "muito imprudente" o comportamento da Argélia e considerou que atua contra "os interesses do povo líbio". Salvar a família de Kadhafi não é um ato que saudemos, nem compreendamos", disse o porta-voz dos rebeldes, Mahmud Shamam. "Desejamos que essas pessoas voltem", acrescentou.

Os rebeldes também anunciaram a morte de um dos filhos de Kadhafi, Khamis, de 24 anos, 80 km ao sul de Trípoli e foi sepultado. No entanto, a morte deste filho de Kadhafi já tinha sido anunciada em várias oportunidades, sem nunca ter sido confirmada.

Um canal de televisão do regime desmentiu a informação, esta terça-feira, em sua página na internet. Segundo o porta-voz Ahmed Omar Bani, Abdallah Senusi, chefe do serviço secreto de Muamar Kadhafi, também teria morrido. Enquanto isso, o paradeiro de Muamar Kadhafi continua desconhecido e boatos continuam assegurando que ele se refugiou em sua cidade natal, Sirte, 360 km ao leste de Trípoli.

O líder líbio mantém a capacidade de "comandar e controlar tropas, seus movimentos e as armas", assegurou esta terça-feira o porta-voz da Otan para operações na Líbia, coronel Roland Lavoie. "Os partidários de Kadhafi que observamos não estão em plena debandada. Retrocedem ordenadamente até a posição menos pior", reforçou.

Neste contexto, a Otan prevê manter bombardeios na Líbia, enquanto os partidários de Kadhafi continuarem representando uma ameaça para a população civil, destacou a porta-voz da organização, Oana Lungescu.

Os rebeldes se posicionaram ao redor da cidade de Sirte e continuam recebendo reforços. Controlar esta cidade costeira de 120 mil habitantes representaria um golpe fatal para o regime de Kadhafi.

A oeste de Sirte, os rebeldes esperavam o resultado das negociações sobre uma eventual rendição de Al Sadada (a 150 km de Sirte), de onde realizavam operações de reconhecimento, segundo um jornalista da AFP no local. De acordo com Ismail Shaluf, chefe de um grupo de combatentes, os rebeldes se aproximaram até 70 km da cidade, antes de serem bombardeados com artilharia pesada e retirar-se.

Ao leste de Sirte, a linha de frente estava a menos de uma centena de quilômetros do reduto kadhafista. Em todo o país, os líbios de preparam para celebrar, a partir da quarta-feira, o Eid el-Fitr, a quebra do jejum do Ramadã. Em Trípoli, onde a tensão é forte entre pró e anti-Kadhafi, abundam rumores segundo os quais o ex-homem forte da Líbia prepara "uma surpresa" para o Fitr que coincide com o 42; aniversário da revolução que o levou ao poder, em 1; de setembro de 1969.

No campo econômico, o CNT anunciou que a Líbia voltará a por em funcionamento a maior parte de seus poços de petróleo nos próximos dias, mas suas exportações serão retomadas gradativamente. Uma semana após a entrada dos rebeldes em Trípoli, 60 países e organizações se reunirão nesta quinta-feira em Paris em uma Conferência de Amigos para apoiar a transição para a democracia, embora ainda sigam os combates e o paradeiro de Kadhafi seja desconhecido.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, que assume a presidência rotativa da União Europeia, defendeu que se declare o fim da guerra nesta conferência.

Em Nova York, a comissão de sanções da ONU aprovou uma solicitação da Grã-Bretanha para liberar 1,6 bilhão de dólares em bens líbios congelados para comprar ajuda de emergência ao país. Enquanto isso, no Zimbábue, país cujo presidente Robert Mugabe mantinha boas relações com Muamar Kadhafi, o governo decidiu expulsar o embaixador da Líbia em Harare, que anunciou em 24 de agosto que se unia aos rebeldes.

Por outro lado, segundo o Wall Street Journal, a Amesys, filial do grupo de informática francês Bull, ajudou o regime de Kadhafi a espionar os opositores, ao construir no fim de 2009 um centro de vigilância da internet.

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