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Bolívia condena ex-ministros e militares à prisão, por matança em 2003

Agência France-Presse
postado em 30/08/2011 19:58
LA PAZ - A Corte Suprema de Justiça da Bolívia condenou, nesta terça-feira (30/8), a penas de entre 3 e 15 anos de prisão dois ministros e cinco comandante militares do governo de direita do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, pela morte de 65 pessoas, em 2003. O ex-governante, que fugiu do país para os Estados Unidos, depois de deposto por uma revolta popular contra a exportação de gás natural para o Chile, não foi incluído, por enquanto, nesta fase processual. Um pedido de extradição contra ele tramita desde novembro de 2008.

A justiça condenou a 15 anos e seis meses os generais reformados Roberto Claros Flores, ex-comandante das Forças Armadas, e Juan Véliz, ex-comandante do Exército. O general Oswaldo Quiroga e o almirante, também reformado, Luis Aranda, ex-comandante da Armada, receberam sentença de 11 anos e o general Gonzalo Rocabado, de 10 anos.

Os ex-ministros do Trabalho, Adalberto Kuajara, e do Desenvolvimento Sustentável, Erick Reyes Villa, foram condenados a 3 anos cada, pelo magistrado Angel Irusta.

A decisão foi celebrada pelas famílias das vítimas, que se reuniram do lado de fora do tribunal de justiça, na cidade de Sucre, a 600 km a sudeste de La Paz, onde faziam vigília há uma semana. "Foi um processo muito difícil. Muitas pessoas julgadas fugiram do país", afirmou o advogado das vítimas, Milton Mendoza, para quem a sentença "servirá de base para a extradição de Sánchez de Lozada" e seus ex-ministros.

Entre os ex-colaboradores de Sánchez de Lozada que deixaram o país estão Carlos Sánchez, Jorge Berindoague e Guido Añez que foram para os Estados Unidos. Otros, como Jorge Torres, Mirtha Quevedo, Dante Pino, Javier Tórrez escolheram o Peru con refúgio político e Hugo Carvajal, a Espanha.

O ex-comandante das Forças Armadas general Juan Véliz, voltou a alegar inocência. Disse, em comunicado enviado à AFP, que "não apertou o gatilho nem acendeu o rastilho" das revoltas sociais, "jamais ordenou a morte de ninguém (...) não planejou nem participou de nenhuma ação que possa ser qualificada de genocídio ou causar a morte de compatriotas".

O promotor Mario Uribe, que pediu em julho passado 30 anos para os dois ex-ministros (Reyes Villa e Kuajara) e de 25 para os cinco militares reformados, saudou a decisão, mas evitou se pronunciar sobre o tempo da condenação. "Faremos uma avaliação, vamos guardar silêncio e conhecer a fundamentação do tribunal a respeito de cada uma das pessoas processadas e dos crimes de que são acusados", explicou.

O Ministério Público apresentou 328 depoimentos e 4.900 provas contra o ex-presidente e seus ministros acusados de genocídio, crimes contra os direitos humanos e delitos econômicos. Segundo Mario Uribe, os sete condenados que estão no país vão cumprir a condenação na penitenciária da cidade de Sucre.

A revolta popular, conhecida no país como a "guerra do gás", foi concluída com a renúncia de Sánchez de Lozada, em outubro de 2003, depois de várias semanas de confrontos entre civis e forças combinadas militares e policiais. Deixou o cargo a seu vice-presidente, o jornalista Carlos Mesa, que semanas antes havia se afastado politicamente de Sánchez de Lozada. Logo em seguida, congelou a exportação de gás para o Chile.

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