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Damasco - As forças de segurança da Síria efetuaram novas prisões e incendiaram casas nesta quarta-feira (31/8), no fim do mês sagrado do Ramadã durante o qual 473 pessoas foram mortas pela repressão, informaram grupos dos Direitos Humanos.
Os Estados Unidos e os europeus tentam, sem sucesso, articular um consenso na ONU para aplicar sanções contra o regime sírio. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, cometeu erros irreparáveis contra o movimento de contestação iniciado no dia 15 de março.
Apesar dos protestos e sanções ocidentais, o governo continua inflexível e lança toda a sua força para acabar com as manifestações quase diárias na Síria. Mais de 2.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas durante os cinco meses de manifestações, segundo a ONU.
Na cidade de Hama, tanques foram colocados em Al-Qussur e forças de segurança foram deslocadas em grande número para Al-Hader, segundo os Comitês Locais de Coordenação (LCC), grupos que animam as manifestações.
Tiros esporádicos foram ouvidos durante as prisões de muitas pessoas, acrescentaram em um comunicado. As forças de segurança percorriam a cidade em pickups armadas com metralhadoras para "aterrorizar os moradores".
Mustapha Rostom, uma das principais figuras da oposição, foi preso em sua casa na noite passada em Salamyeh, na cidade de Homs, pelo serviço de inteligência militar. Rostom tem a saúde debilitada e foi proibido de tomar seus remédios, afirmaram.
O Observatório Sírio dos Diretos Humanos (OSDH) afirmou que 473 pessoas, entre elas 360 civis e 113 policiais e soldados, foram assassinadas nas manifestações pela saída de Assad hoje durante a festa do Fitr, que marca o fim do Ramadã. Além delas, 25 jovens com menos de 18 anos, 14 mulheres e 28 pessoas foram torturadas e assassinadas nas prisões na cidade de Homs, precisou a ONG.
As autoridades devolveram a famílias de Hula 13 corpos de pessoas sequestradas pelas forças de segurança no início de agosto, o que provocou a ira dos habitantes, acrescentou.
Ainda em Hula, tropas incendiaram as casas de dois homens e ameaçaram prender suas esposas e crianças se eles não se entregassem, segundo os LCC, enquanto na cidade de Aqrab eles colocaram fogo em uma casa além de perseguirem e prenderem pessoas.
A Anistia Internacional indicou em um comunicado que o número de mortes nas prisões sírias aumentou de maneira alarmante em 2011. A organização relatou 88 casos de morte de prisioneiros, presos durante a repressão no período de primeiro de abril até 15 de agosto. Eram pessoas do sexo masculino, entre elas dez adolescentes de 13 a 18 anos.
Para pelo menos 52 casos a organização com sede em Londres, declarou ter provas suficientes para acreditar que houve atos de tortura e maus tratos que acarretaram na morte dessas pessoas.
"O governo em Damasco acredita erroneamente que está protegido do seu próprio povo. O presidente sírio cometeu o irreparável. A França, com seus aliados, fará tudo o que for legalmente possível para que triunfem as aspirações do povo líbio à liberdade e democracia", afirmou Sarkozy.
Na terça-feira, os Estados Unidos, que propuseram sansões para o regime sírio e seus aliados, pediram que Assad deixe seu cargo e adicionaram o chefe da diplomacia Walid Wuallem e a conselheira presidencial Buthaina Chaabane na lista negra de pessoas que sofrerão sanções.