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Irmão de prefeito suspeito de vínculos com chacina em cassino é preso

Agência France-Presse
postado em 02/09/2011 15:01
Monterrey - O irmão do prefeito de Monterrey, suspeito de envolvimento com as extorsões a cassinos dessa cidade do norte do México, foi preso nesta sexta-feira (2/9) em meio às investigações do incêndio criminoso contra um centro de apostas que, na semana passada, deixou 52 mortos.

O prefeito de Monterrey, Fernando Larrazabal, pediu na quinta-feira que a promotoria investigasse o conteúdo dos vídeos do cassino e anunciou que seu irmão se apresentou ante as autoridades judiciais para contar sua versão.

Vídeos difundidos pelo jornal Reforma em seu site mostram Jonás Larrazabal, irmão do prefeito, recebendo pagamento de funcionários em três cassinos nos últimos três meses.

Um dos vídeos mostra um grupo armado invadindo um cassino em maio passado e destruindo as instalações cinco dias antes que Larrazabal foi ao local para receber uma grande quantia de dinheiro.

Tanto o prefeito como seu irmão negaram as acusações.

Jesús Martínez, advogado de Jonás, assinalou que seu cliente foi detido de forma arbitrária. "É uma violação de seus direitos e, sem dúvida, vamos apresentar uma queixa porque as acusações carecem de fundamento", afirmou.

[SAIBAMAIS]Segundo Martínez, seu cliente alega que o dinheiro que recebe nos vídeos é fruto da venda de queijos e bebidas para os cassinos com que negocia.

A divulgação desses vídeos acontece uma semana depois do ataque ao cassino Royale, em Monterrey, que foi incendiado por pistoleiros do cartel de Los Zetas com centenas de apostadores em seu interior, no pior atentado deste tipo no México.

As autoridades prenderam cinco envolvidos que confessaram pertencer a Los Zetas e disseram ter recebido ordens de queimar o cassino porque os donos não cumpriram com os pagamentos de uma extorsão que, segundo disseram, esta organização exige de muitos negociantes em diferentes cidades do país.

As revelações fizeram com que diversas vozes pedissem a renúncia do prefeito, que pertence ao Partido de Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón.

Uma série de ataques de comandos armados contra cassinos ocorreu nos últimos meses na área metropolitana de Monterrey, onde foram abertas 50 casas de apostas desde 2006.

Calderón ordenou o reforço da segurança em Monterrey e no restante do estado de Nuevo León, atingidos por uma violenta disputa entre cartéis de traficantes.

O governo mexicano já tinha aumentado em duas ocasiões seu dispositivo de segurança em Nuevo León e no vizinho Tamaulipas, ambos na fronteira com os Estados Unidos, diante do aumento da disputa entre o cartel do Golfo e seu antigo braço armado, Los Zetas.

A estratégia militar de Calderón, que tem cerca de 50.000 soldados nas ruas contra o crime organizado, foi considerada contraproducente pela oposição. Organizações civis nacionais e internacionais como Anistia Internacional ou Human Rights Watch denunciam que os soldados cometeram graves violações aos direitos humanos no contexto da luta antidrogas.

Mas Calderón classificou de terroristas os autores do ataque ao cassino.

Mais de 41.000 pessoas morreram no México desde dezembro de 2006 devido à luta entre os carteis e entre estes grupos e as autoridades.

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