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Documentos mostram que serviços de inteligência ocidentais ajudaram Kadafi

Agência France-Presse
postado em 03/09/2011 15:18
Londres - Americanos e britânicos cooperaram estreitamente com os serviços secretos do coronel Muamar Kadafi, e a CIA chegou inclusive a entregar prisioneiros para que fossem interrogados, afirmaram diversos jornais neste sábado.

O jornal britânico The Independent e so americanos Wall Street Journal e New York Times tiveram acesso a arquivos encontrados em um edifício dos serviços secretos líbios em Trípoli pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Durante o governo do ex-presidente George W. Bush, a CIA entregou supostos terroristas ao regime de Kadafi, indicando inclusive as perguntas que os líbios deveriam fazer a eles, escreve o Wall Street Journal, citando documentos encontrados na sede da agência de segurança exterior líbia.

Em 2004, a CIA tinha uma "presença permanente" na Líbia, segundo uma nota de um funcionário de alto escalão da agência de inteligência americana, Stephen Kappes, enviada ao chefe dos serviços secretos líbios na época, Mussa Kussa. O tom da nota, que começa com um "Querido Mussa" e está assinada por "Steve", demonstra que existiam relações estreitas entre os dois serviços, afirma o Wall Street Journal.

De acordo com o New York Times, em pelo menos oito ocasiões a CIA enviou prisioneiros suspeitos de terrorismo à Líbia. A mesma fonte indica que, em troca, os líbios solicitaram à CIA que localizasse Abu Abdullah Al Sadiq, um líder opositor.

Em março de 2004, a CIA respondeu que estava tentando localizá-lo, segundo documentos que figuram no arquivo sobre a agência americana encontrado em Trípoli. Um funcionário americano citado pelo jornal lembra que nesta época a Líbia tentava romper seu isolamento diplomático com o Ocidente.

O The Independent, por sua vez, publica informações similares e fala sobre relações entre os serviços líbios e britânicos na mesma época.

Após os atentados de 11 de setembro, voos secretos americanos transportaram dezenas de suspeitos de terrorismo no mundo inteiro para serem interrogados em outros países.

Segundo o The Independent, a Grã-Bretanha forneceu à Líbia informações sobre opositores exilados ao regime de Kadafi. Vários documentos se referem à muito divulgada visita do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair a Trípoli em 2004, mostrando que Blair insistiu para que Kadafi o recebesse em sua tenda.

De acordo com as notas encontradas em Trípoli, os serviços secretos britânicos também ajudaram a redigir o discurso em que Kadafi anunciava renunciar às armas de destruição em massa.

O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, não quis comentar, neste sábado (3/9), informações "que remontam à época de um governo anterior(o de Tony Blair). Não posso fazer nenhum comentário sobre o assunto dos serviços secretos", indicou.

Por sua vez, o departamento de Estado americano, em Washington, negou-se a comentar estas informações.

Mussa Kussa, chefe dos serviços secretos líbios de 1994 a 2009 e depois ministro das Relações Exteriores, fugiu para Londres no dia 30 de março, onde permaneceu por alguns dias antes de viajar para o Qatar.

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