Agência France-Presse
postado em 04/09/2011 10:47
Norte de Bani Walid - Os chefes locais das novas autoridades líbias afirmaram neste domingo que davam uma "última oportunidade" aos combatentes do bastião pró-Kadafi de Bani Walid para negociar antes de atacá-los."Vamos negociar com os chefes tribais. Estamos os aguardando", declarou o comandante Abdelrazek Naduri, número dois do conselho militar de Tarhuna, 80 km ao norte de Bani Walid, um oásis controlado por partidários de Muamar Kadhafi.
No sábado, de Benghazi (leste do país), o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil, havia repetido que os partidários de Kadafi tinham até 10 de setembro para depor as armas, citando as cidades de "Sirte, Bani Walid, Al Jufra e Sebha".
Após estas declarações, Naduri outorgou à cidade de Bani Walid um prazo muito mais curto, até as 10h (05h de Brasília) deste domingo, para se render.
"Dependerá das negociações. Caso se neguem (a se render), avançaremos. Se as negociações derem bons resultados, entraremos e içaremos nossa bandeira sem combater. É sua última oportunidade, não se pode adiar o ultimato", acrescentou neste domingo.
No posto de controle de Shishan, no meio do deserto, 70 km ao norte de Bani Walid, vários combatentes expressavam sua impaciência para atacar logo os partidários do ex-líder líbio.
Para os combatentes locais, várias pessoas próximas a Kadhafi, incluindo seu filho Saadi, encontram-se atualmente em Bani Walid, mas não ele, contrariando as afirmações feitas por alguns líderes do CNT nos últimos dias.
Em relação a um possível julgamento de Kadhafi, o porta-voz do CNT em Londres salientou que ele deve ser julgado na Líbia, num momento em que o Tribunal Penal Internacional de Haia também quer processá-lo.
Documentos secretos dos serviços de inteligência se referem a uma ampla cooperação de agências de inteligência dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha com a Líbia de Kadafi.
Americanos e britânicos cooperaram estreitamente nos últimos anos com os serviços secretos do coronel Kadafi, a tal ponto que a CIA entregou prisioneiros ao regime líbio para que fossem interrogados, indicaram vários jornais no sábado.
No plano diplomático, o chanceler italiano Franco Frattini pediu que não se repita na Líbia "o crasso erro" cometido no Iraque e que não se destrua "toda a estrutura" do país norte-africano, como ocorreu no Oriente Médio.
Ian Martin, emissário especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegou no sábado a Trípoli para "discutir com o CNT a maneira como a ONU pode ajudar (...) a construir o futuro".
Por sua vez, o chanceler francês, Alain Juppé, anunciou no sábado que a ONU realizará no dia 20 de setembro em Nova York a próxima conferência de "amigos da Líbia".
Também no sábado, Cuba anunciou que não reconhecerá o CNT e que apenas dará seu reconhecimento a um governo constituído de forma "legítima" e "sem intervenção estrangeira", unindo-se nesta postura à Venezuela e Nicarágua.