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De olho nas eleições, Obama aposta em plano de recuperação da economia

postado em 05/09/2011 10:13
Barack Obama corre para palanque durante turnê que realizou pelo Meio-Oeste dos Estados Unidos em agosto: o presidente acusa a oposição de não deixar o país Às vésperas do aniversário de 10 anos de um dos maiores golpes sofridos pelos Estados Unidos em sua história, Barack Obama se vê de frente a um inimigo que parece tão ameaçador quanto o terror: o ceticismo dos americanos. Uma década depois dos ataques de 11 de setembro, além da guerra contra o terrorismo, o presidente enfrenta uma economia em queda, o aumento do desemprego e uma dura batalha com a oposição, que deixam os eleitores desconfiados sobre sua capacidade de liderar a nação. Grande parte da população não acredita em uma recuperação imediata da economia, e as últimas pesquisas de opinião apontam a maior queda na popularidade de Obama desde o início do governo. Ainda faltam 15 meses para as eleições presidenciais, mas a campanha já começou. Não apenas para os republicanos, que ainda precisam escolher um candidato oficial, mas para o chefe de Estado, que luta para reconquistar apoio e ressuscitar o espírito do ;sim, nós podemos; que o levou à Casa Branca.

Para Obama, o caminho da vitória está principalmente na recuperação política e econômica. Com a perda da confiança financeira e um índice de desemprego de 9%, o presidente pretende anunciar um novo plano para dar fôlego à economia durante um discurso no Congresso marcado para a próxima quinta-feira, a pedido da oposição. Obama acaba de voltar de uma folga ao lado da família no balneário de Martha;s Vineyard, ilha do estado de Massachusetts conhecida por abrigar casas de ricos e famosos, e foi criticado pelos republicanos, que exigiam o cancelamento do recesso do governo. Porém, os oito dias que o chefe de Estado se manteve afastado não foram de descanso total e serviram para a elaboração de estratégias de campanha.

Depois de uma longa luta no Congresso para uma decisão sobre o aumento do teto da dívida americana, Obama deve se afastar cada vez mais do cenário político de Washington, como já tem feito. Durante sua turnê de ônibus pelo Meio-Oeste no mês passado, ele fez duras críticas aos republicanos e aos parlamentares que estavam impedindo que os EUA ;conseguissem seguir adiante;. Convencer os americanos de que a oposição age de forma a piorar ainda mais a situação do país parece ser outro ponto do plano rumo à eleição. ;As pesquisas mostram que apenas 13% das pessoas aprovam o trabalho dos congressistas. E muitos acreditam que os republicanos foram o problema no caso da votação do teto. Então, se Obama puder ajudar o público a enxergar esse erro de uma forma não confrontante, melhor para ele;, comenta John Aldrich, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de Duke.

Há tempo
Porém, para ter uma campanha vitoriosa, o presidente não pode simplesmente apontar as falhas do sistema político e de seus adversários. Ele já sofre um bombardeio de críticas dos republicanos e não deve jogar o mesmo jogo dos seus concorrentes. ;Para que ele fique mais forte, é preciso que a economia fique mais forte. Ainda há tempo para que os números do desemprego caiam;, aponta Aldrich. ;Agora, a melhor estratégia é sair do caminho. Existe uma expressão na política americana que diz: ;Melhor não interromper seu adversário se ele está atirando no próprio pé;. E não faltam razões para imaginar que os republicanos devem, nos próximos meses, começar a atacar uns aos outros;, completa.

Mesmo a mais de um ano para as eleições, a disputa por votos está acirrada. Nas últimas pesquisas, divulgadas pelo Instituto Quinnipiac University Polling, Obama aparece empatado com um dos candidatos republicanos, Mitt Romney, com 45% das intenções, e ganha por pouco do governador do Texas, Rick Perry ; 45% a 42%. Segundo Allan Lichtman, professor de história da American University em Washington, o presidente tem tempo de preparar sua campanha e deve se sair bem mais uma vez. ;Obama é um excelente candidato, já provou isso. Ele precisa continuar com seus princípios em 2012 e mostrar por que a alternativa republicana seria um desastre para a nação. Ser realista é uma boa estratégia. Ele teve problemas antes por ter elevado demais as expectativas e precisa evitar o mesmo erro desta vez;, analisa o especialista em eleições americanas.

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