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Rebeldes líbios alertam sobre risco para civis em reduto de Kadafi

Agência France-Presse
postado em 05/09/2011 19:24
Shishan - Rebeldes alertaram nesta segunda-feira (5/9) para o risco que civis estão correndo na cidade de Bani Walid, enquanto fontes nigerinas afirmam que funcionários do regime atravessaram a fronteira.

Entre os funcionários estaria o chefe da segurança interna de Muamar Kakafi, Mansur Daw, que estava na cidade de Bani Wali com ao menos dois dos filhos do ditador, informou uma fonte do governo nigerino.

Na quinta-feira, a China negou uma notícia da imprensa canadense segundo a qual o país teria fornecido armas ao regime de Kadafi durante os últimos meses e que teria enviado esses armamentos em navios por meio da Argélia e da África do Sul.

Kamal Hodeisa, ministro da Defesa, disse em Trípoli que rebeldes "se moverão caso haja um ato de agressão por parte das forças de Kadafi dentro de Bani Walid ou se eles atacarem civis".

"Há um debate entre rebeldes sobre se devemos ir adiante, mas acho que no final das contas eles respeitarão o prazo", disse, referindo-se a uma trégua até 10 de setembro para tentar negociar a rendição dos últimos baluartes pró-Kadafi.

Abdullah Kenshil, negociador do novo governo líbio, disse que civis estavam sendo feitos reféns no centro da cidade, em prédios administrativos e em cinco ou seis vilarejos. "Os soldados de Kadafi também fecharam os portões da cidade e não estão deixando as famílias saírem", disse. "Isso nos preocupa, nós não queremos matar civis nos ataques".

Negociações para a rendição de Bani Walid, sudeste de Trípoli, terminam no domingo, mas ainda havia algum movimento no frente nesta segunda-feira, apesar das preocupações de que famílias locais poderiam ser usadas como escudos humanos.

O comandante operacional Abdulrazzak Naduri disse a jornalistas em Shishan, norte de Bani Walid, que o Conselho Nacional de Transição (CNT) "não quer mais derramamento de sangue".

Funcionários locais afirmaram que figuras importantes do regime voaram com Seif al-Islam, filho mais proeminente de Kadafi, que, de acordo com Naduri, foi alguns dias atrás para a cidade de Sabha, extremo sul do país, ainda nas mãos dos fiéis ao regime.

Dois outros filhos de Kadafi, Saadi e Mutassim, também estariam em Bani Wali, e há relatos de que o próprio ditador tenha atravessado a cidade, mas ainda não está claro quando isso teria ocorrido.

Mas Daw e dez outros funcionários do regime estavam nesta segunda-feira no nordeste da cidade de Agadez, no Níger, tendo sido levados pela fronteira por um líder da tribo nômade tuaregue, aliado de Kadafi, informaram fontes tuaregues.

Nenhum confronto foi reportado nesta segunda-feira na cidade de Kadafi, Sirte, ou nas cidades do sudeste do país, Sabha e Al-Khufra.

Em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores reconheceu que funcionários líbios visitaram a China em julho para conversas sobre "interesses comerciais", mas insistiu que não houve assinatura de contratos para envio de armas ou para exportações diretas ou indiretas de armamentos.

Citando documentos secretos, jornais canadenses informaram que empresas estatais chinesas teriam vendido armas e munições para o regime de Kadafi em julho.

O Reino Unido reinstalou uma missão diplomática em Trípoli, anunciou nesta segunda-feira o Ministério britânico das Relações Exteriores, que havia suspendido em fevereiro as atividades de sua embaixada na capital líbia em razão do conflito.

O Conselho de Segurança da ONU discutirá na sexta-feira o lançamento de uma missão para a Líbia com o objetivo de ajudar nas reformas políticas e jurídicas e nas preparações para eleições, informou um diplomata nesta segunda-feira.

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