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Turquia congela todos os laços militares e comerciais com Israel

Agência France-Presse
postado em 06/09/2011 16:16
Ancara - O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou o congelamento total de laços militares e comerciais com Israel e ameaçou, esta terça-feira (6/9), visitar Gaza na escalada das tensões entre os dois antigos aliados. Horas depois de Israel anunciar que a manutenção de seu adido militar em Ancara indicava não ter havido um rompimento definitivo com a Turquia, Erdogan anunciava a suspensão de todas as relações militares e comerciais com o Estado hebreu.

A escalada da tensão entre os dois países "preocupa" o governo Obama, anunciou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland. "Estamos preocupados com o estado atual da relação" e Washington se esforça perante os dois países para favorecer "uma redução das tensões" e "evitar confrontos no futuro", disse Nuland à imprensa.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, fez uma defesa neste sentido na semana passada, em Paris, junto do colega turco, Ahmet Davutoglu, mencionando ainda "várias conversas nos últimos dias" do governo americano com Israel sobre este tema. Uma disputa prolongada entre Israel e Turquia complicaria as relações entre Estados Unidos e Turquia, seu aliado dentro da Otan.

Apesar dos apelos de altos diplomatas, durante o fim de semana, por um fim à contenda sobre o ataque do ano passado contra uma flotilha com ajuda à Gaza, Erdogan elevou o tom, ao acusar Israel de se comportar como "uma criança mimada". Na semana passada, a Turquia havia anunciado a expulsão do embaixador israelense Gaby Levy e a suspensão de todos os acordos militares bilaterais, rejeitando ferozmente as conclusões de uma investigação realizada pelas Nações Unidas sobre a operação contra a flotilha, que deixou 9 mortos. Agora, na primeira reação oficial desde este anúncio, Erdogan foi além. "Estamos suspendendo totalmente nossas relações comerciais, militares e de Defesa", disse Erdogan aos jornalistas.

Reação generalizada
Antes parceira mais próxima de Israel no mundo muçulmano, a Turquia tem sido cada vez mais crítica ao Estado judeu desde que Erdogan e seu Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), de raízes islâmicas, chegou ao poder, em 2002. Em maio do ano passado, houve uma reação generalizada de repúdio quando oito cidadãos turcos e um americano de ascendência turca morreram no navio Mavi Marmara, o líder de uma frota de seis embarcações que transportavam ajuda para o território palestino de Gaza, em uma operação realizada por forças especiais israelenses em águas internacionais.

Um novo relatório da ONU criticou a força "excessiva" empregada na operação, mas também enfureceu os palestinos, ao apoiar o direito israelense de impor um bloqueio naval a Gaza para evitar que armas chegassem ao movimento islamita Hamas. Ao contrário de outros países europeus, que consideram o Hamas um grupo terrorista, a Turquia se recusou a incluir os islamitas, que governam Gaza, em uma lista negra e Erdogan disse que pode visitar Gaza, ingressando no território através do vizinho Egito. "Estamos falando com os egípcios sobre esta questão... Uma viagem a Gaza não foi finalizada ainda", disse Erdogan, que deve visitar o Egito na próxima semana, segundo jornalistas.

Mais cedo, um alto oficial de Defesa israelense havia feito um aceno amigável à Turquia, ao afirmar que o adido militar do país permaneceria em Ancara. "Não há rompimento com a Turquia: a prova é que nosso adido militar em Ancara permanecerá em seu gabinete e que os serviços consulares lá continuarão funcionando", disse Amos Gilad à rádio pública. "Uma solução para esta crise precisa ser encontrada", acrescentou, afirmando que Israel deve tentar resolvê-la por meio de conexões europeias e americanas, bem como através da Otan. "A Turquia tem muito a perder com uma política extremista", emendou.

Inquietação
A tensão entre os dois países tem gerado uma inquietação generalizada e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, esteve entre aqueles que expressaram temores de que pudesse afetar o processo de paz no Oriente Médio. A Turquia foi o primeiro país de maioria muçulmana a reconhecer formalmente o Estado de Israel em 1949 e os dois países têm realizado frequentemente exercícios militares conjuntos. Também é um destino turístico preferencial dos israelenses, que são impedidos de visitar muitos outros países da região.

A tensão já teve impacto no turismo. O ministério das Relações Exteriores anunciou que 40 de seus cidadãos foram retidos para entrevistas durante uma hora e meia no aeroporto Internacional Ataturk, em Istambul, na segunda-feira, antes de ser liberados.

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