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Para brasileiro que investigará governo sírio, desafio será Assad colaborar

postado em 13/09/2011 17:12
Nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para chefiar a missão que vai investigar as denúncias de violação dos direitos humanos na Síria, Paulo Sergio Pinheiro, de 67 anos, ex-ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, disse nesta terça-feira (13/9) que o desafio é convencer o governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, a contribuir com as apurações.

;O argumento que tenho usado há muito tempo em outras missões na ONU [Organização das Nações Unidas] é que é muito mais interessante o Estado-membro em questão nos deixar entrar no país e colaborar com as investigações porque dessa forma o governo terá uma garantia que sua perspectiva vai estar no relatório, que devemos entregar até novembro;, disse Pinheiro.

[SAIBAMAIS]O governo Assad é acusado de cometer uma série de violações dos direitos humanos, como torturas, agressões e assassinatos. Organizações não governamentais estimam que cerca de 2,6 mil pessoas morreram nos últimos seis meses na Síria desde que eclodiram as manifestações contrárias ao governo. Jornalistas e observadores estrangeiros têm sido impedidos de entrar no país.

Com uma larga trajetória em negociações internacionais no campo da defesa da preservação de direitos humanos, Pinheiro ressaltou que o caminho ideal é o do diálogo. ;O diálogo nessas situações não pode nunca romper. O Alto Comissariado da ONU nunca rompe o diálogo com nenhum país por mais delicada e complexa que seja a questão;.

Em Brasília hoje, o ex-ministro participou das reuniões da Comissão da Verdade, que pretende apurar as denúncias de violações cometidas durante o período da ditadura no Brasil (1964-1985). Na Síria, Pinheiro comandará a comissão de inquérito formada também pelo turco Yakin Erturk, ex-relator especial sobre violência contra a mulher, e pela norte-americana Karene Abu Zeid, ex-comissária-geral de Ajuda e Trabalho das Nações Unidas.

O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão vai até o fim de novembro. Os especialistas pretendem reunir provas, fazer recomendações e apontar os responsáveis pelas denúncias que envolvem torturas, agressões de diversos tipos e mortes de manifestantes contrários ao regime de Assad.

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