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Pedido de adesão dos palestinos à ONU fadado ao fracasso, diz Netanyahu

Agência France-Presse
postado em 18/09/2011 22:46
Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (18/9) que o pedido de adesão à ONU que será feito na próxima semana pelos palestinos não tem chance de sucesso e que eles devem buscar a retomada das negociações.

"Sua tentativa de ser aceitos como um membro das Nações Unidas irá falhar", afirmou no início da reunião de gabinete semanal. "Esta tentativa irá falhar, já que precisará passar pelo Conselho de Segurança".

O presidente Mahmud Abbas prometeu aos palestinos que buscará a adesão à ONU no Conselho de Segurança na próxima sexta-feira, apesar da forte oposição de Israel e dos Estados Unidos, que afirmam que apenas negociações diretas poderão resolver o conflito entre israelenses e palestinos.

Abbas deixou a Jordânia neste domingo em direção a Nova York, onde deverá se encontrar com chefes de Estado no âmbito da Assembleia Geral da ONU, afirmou seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina, à AFP.

No entanto, o movimento islamita Hamas criticou Abbas mais uma vez neste domingo sobre o pedido de adesão à ONU, estimando que ele "não tem nenhum mandato para fazer concessões no direito dos palestinos".

"Nenhuma autoridade palestina tem mandato para reduzir os direitos nacionais dos palestinos", declarou Ismail Haniyeh, primeiro-ministro do Hamas em Gaza, durante uma reunião de parlamentares.

"Nenhum ator palestino tem, tampouco, o mandato para fazer concessões históricas no território palestino ou nos direitos dos palestinos, em particular no direito ao retorno", acrescentou Haniyeh, fazendo alusão aos refugiados palestinos.

Haniyeh também confirmou que seu movimento, no poder na Faixa de Gaza, seguirá apoiando o estabelecimento de um Estado palestino no conjunto da "Palestina histórica".

O Hamas considera como "Palestina histórica" o território palestino sob mandato britânico (1920-1948), antes da criação do Estado hebreu, do rio Jordão até o mar Mediterrâneo, incluindo, portanto, o atual território do Estado de Israel.

Washington, principal aliado de Israel, já anunciou que usará seu poder de veto para bloquear a demanda palestina no Conselho de Segurança.

"Como resultado das ações dos Estados Unidos, que estão trabalhando intimamente conosco, e de outros governos com os quais nós e os americanos estamos trabalhando, eu prevejo que esta tentativa irá falhar", disse Netanyahu.

"No final, depois que a poeira baixar e após tudo o que ocorre na ONU, os palestinos cairão em si, eu espero, e desistirão destes movimentos para voltar às negociações e retornar à mesa, com o objetivo de trazer paz para nós e para nossos vizinhos".

Tony Blair, o enviado especial representando o Quarteto, afirmou neste domingo que espera um acordo de última hora que permitisse aos palestinos expressar seu desejo de autodeterminação e abrir caminho para novas negociações.

"O que estaremos buscando nos próximos dias é um jeito de unir algo que permita as suas demandas e aspirações legítimas pelo reconhecimento de um Estado, e ao mesmo tempo algo que renove a única coisa que irá produzir um estado - que é a negociação direta entre os dois lados", afirmou Blair à rede de televisão ABC.

"Vamos ver se podemos criar alguma coisa que permita aos palestinos ir às Nações Unidas, avançar com suas aspirações por um estado e que ao mesmo tempo nos permita desenvolver um calendário para negociações, e então eles voltariam a conversar", afirmou ao programa "This Week".

Netanyahu comparou o Conselho de Segurança ao governo da ONU, enquanto a Assembleia Geral, afirmou, seria mais como um Parlamento.

"Lá você pode passar quase qualquer resolução", disse. "Eles podem decidir que o sol nasce no oeste e se põe no leste, mas isso não tem o mesmo peso e a mesma importância que o Conselho de Segurança".

Netanyahu afirmou que também irá às Nações Unidas para explicar a oposição de Israel à demanda palestina. Assim como Abbas, ele irá discursar no dia 23 de setembro, segundo uma autoridade do governo.

A Casa Branca afirma que o primeiro-ministro israelense também deverá se encontrar com o presidente Barack Obama em Nova York.

As negociações de paz entre Israel e os palestinos afundaram há quase um ano em uma disputa sobre as construções de assentamentos judeus realizadas por Israel em terras palestinas ocupadas.

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