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Confronto entre manifestantes e governo deixa sete mortos no Iêmen

Agência France-Presse
postado em 20/09/2011 12:58
Sanaa - Confrontos pelo terceiro dia consecutivo entre forças rivais deixaram sete mortos nesta terça-feira (20/9) na capital iemenita Sanaa, onde desde domingo 60 pessoas morreram.

A nova onda de violência dificulta os esforços diplomáticos da ONU para uma transição de poder na monarquia do Golfo.

"As forças de segurança e a Guarda Republicana bombardearam intensamente a Praça da Mudança esta manhã, matando dois manifestantes e ferindo outros sete", declarou um membro do comitê de organização das manifestações.

Um terceiro manifestante foi encontrado morto, disse uma fonte médica sem dar maiores informações. A mesma fonte acrescentou que três soldados do general dissidente Ali Mohsen al-Ahmar, que se uniu à contestação, foram mortos em confrontos travados em diferentes bairros próximos a Praça da Mudança.

Outra pessoa morreu e dez ficaram feridas por um obus na Universidade de Al-Iman, do chefe islamita Sheik Abdelmajid Zendani, considerado suspeito por Washington de apoiar o terrorismo, afirmaram pessoas ligadas ao religioso. Uma fonte da segurança confirmou o ataque, e disse que o edifício atingido pelo obus tinha um estoque de armas e munições.

À tarde, milhares de manifestantes participaram de uma passeata da Praça da Mudança em direção à rua Al-Zubeiri, protegidos pelos soldados do general dissidente.

As escolas e os bancos ficaram fechados e os moradores de alguns bairros de Sanaa se trancaram em suas casas. "Eles não podem passear pelas ruas", declarou um militante.

Na segunda-feira, 27 pessoas foram mortas em Sanaa pela repressão das forças de segurança contra manifestantes que exigem a saída do presidente Ali Abdullah Saleh.

Depois de uma calmaria de algumas horas durante a noite, os confrontos recomeçaram nesta manhã por volta das 05h (02h GMT) entre as forças de segurança e os soldados do general Al-Ahmar na rua Al-Zuberi, onde os manifestantes estão acampados desde domingo.

Homens do general Al-Ahmar foram bombardeados no bairro de Heddad, no sul da capital. A Guarda Republicana, elite do Exército e dirigida pelo filho mais velho do presidente Saleh, foi enviada ao local, segundo testemunhas.

[SAIBAMAIS]Em Taez, quatro manifestantes foram mortos na segunda-feira.

No campo diplomático, a oposição iemenita ainda não se reuniu com os emissários da ONU, Jamal Benomar, e do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), Abdellatif al-Zayani, que chegaram na segunda-feira a Sanaa para, segundo um diploma ocidental, acelerar um acordo para uma saída da crise.

"A oposição não pode se reunir com eles enquanto o sangue correr em Sanaa", disse um dirigente do Fórum Comum, uma coalizão de oposição parlamentar.

Um líder do partido no poder, Soltane al-Barakani, acusou, na televisão Al-Arabia, a oposição de "comprometer" a mediação da ONU e do CCG, cujo êxito depende do retorno dos manifestantes as "suas posições anteriores" na Praça da Mudança.

O presidente Saleh, no poder desde 1978, enfrenta um movimento de contestação que começou em janeiro e já causou a morte de centenas de pessoas. Na semana passada, ele encarregou o seu vice-presidente de negociar com a oposição uma transferência de poder.

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