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Conselho de Segurança da ONU analisa candidatura palestina

Agência France-Presse
postado em 26/09/2011 19:06
Nova York - O Conselho de Segurança da ONU se reunia nesta segunda-feira (26/9) para iniciar a análise da candidatura palestina de adesão às Nações Unidas, processo que levará semanas de negociações. Washington anunciou que vetará o pedido, caso seja necessário.

"Esperamos que o Conselho de Segurança permita que a Palestina se torne um membro das Nações Unidas", declarou o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansur. Ele disse esperar que "o Conselho de Segurança dê uma prova de responsabilidade", assinalando que 131 países já reconheceram a Palestina como Estado soberano.

"Nós nos reunimos com todos os países membros do Conselho de Segurança", para convencê-los a votar a favor da adesão da Palestina", disse Mansur.

"Os 15 países do Conselho de Segurança já estabeleceram contatos informais para determinar os detalhes do procedimento que seguiremos para tratar essa questão", afirmou um diplomata.

O processo deverá durar aproximadamente quatro semanas, ou mais. Segundo um importante diplomata da ONU, as discussões do Conselho irão até o fim de outubro, e podem se estender até novembro.

Os Estados Unidos, membro permanente do Conselho, prometeram impor seu veto, mas esperam que essa ação não seja necessária, pois pioraria ainda mais sua imagem, que já é negativa no Oriente Médio.

Barack Obama recusou o pedido palestino e o caracterizou de "atalho" ilusório. "Estou convencido de que não existe atalho para o fim de um conflito que persiste por décadas. A paz não virá de declarações e resoluções na ONU", declarou, diante da Assembleia Geral.

Nesta segunda-feira, antes da reunião do Conselho, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reuniu-se com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati.

Durante as horas seguintes à entrega da candidatura palestina, o Quarteto para o Oriente Médio (EUA, UE, ONU e Rússia) propôs aos israelenses e palestinos que reiniciem as negociações de paz, paralisadas há mais de um ano, com o objetivo de alcançar um acordo até o final de 2012.

Esta proposta, que "estuda" o caminho da Palestina nos próximos dias, não menciona explicitamente o fim da ocupação israelense, que é uma das condições mais importantes exigidas pelos palestinos.

"Se vocês querem a paz, abandonem todas as suas pré-condições", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Nethanyahu para os palestinos na NBC. Mas Mahmud Abbas reafirmou no domingo que não retomará negociações sem "o completo fim" da colonização israelense.

"Eu não sou otimista" quanto ao reinício das negociações, declarou um outro diplomata da ONU.

Desde a ocupação da Cisjordânia em 1967, Israel construiu 130 novas colônias onde vivem 300.000 pessoas e mais 200.000 outros israelenses se instalaram em Jerusalém Oriental, que também faz parte do território palestino segundo as fronteiras traçadas no passado.

Os palestinos desejam fazer de Jerusalém Oriental a capital de seu futuro Estado, e são contra o controle desta parte da cidade por Israel.

Em Nova York, o governo palestino espera conseguir pelo menos nove dos quinze votos no Conselho de Segurança, o mínimo para que o pedido receba uma "recomendação" para ir à Assembleia Geral da ONU, passagem obrigatória para que consigam uma votação.

Tal resultado obrigará os Estados Unidos a vetar a demanda, ação que os americanos querem evitar.

Seis membros do Conselho de Segurança, permanentes ou não, já disseram que aprovam o pedido palestino: Brasil, China, Índia, Rússia, Líbano e África do Sul. Os membros indecisos que não revelaram sua posição foram Reino Unido, França, Alemanha, Nigéria, Bósnia, Portugal e Gabão. A Colômbia irá se abster.

O chanceler chinês, Yang Jiechi, confirmou hoje que seu país apoia a demanda palestina. "A China apoia seu acesso ao status de Estado membro da ONU, a implementação da ;solução de dois Estados;, através de negociações políticas, e a criação de um Estado palestino independente e plenamente soberano", disse Jiechi durante um discurso na Assembleia Geral.

Essa independência deve ser estabelecida "com base nas fronteiras de 1967, e com Jerusalém Oriental como capital", insistiu o chanceler chinês.

Os líderes palestinos afirmaram que, caso percam no Conselho, poderão recorrer ao voto direto na Assembleia Geral, onde conseguirão, com uma maioria de votos, um status intermediário de "Estado observador não-membro". O status atual da Palestina é de "entidade observadora".

O movimento islâmico Hamas, no poder em Gaza, pediu hoje um diálogo entre facções, com o objetivo de traçar uma estratégia comum para a criação de um Estado palestino. "Somos favoráveis a um diálogo que leve a uma estratégia comum sobre a Palestina, e à aplicação do acordo de reconciliação que assinamos", disse o premier do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh.

O movimento defende a criação de um Estado palestino "do mar (Mediterrâneo) aor rio (Jordão)", no lugar do Estado de Israel. No entanto, declarou-se disposto a uma trégua de longa duração com o Estado hebreu se o mesmo se retirar dos territórios ocupados desde junho de 1967, ou seja, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

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