O ódio aos Estados Unidos não permitiu que o norte-americano Rezwan Ferdaus, de 26 anos, enxergasse seus próprios algozes. Na manhã de ontem, o estudante de física da Northeastern University se reuniu com agentes do FBI ; a polícia federal dos EUA ; disfarçados de membros da rede terrorista Al-Qaeda para inspecionar os armamentos que pretendia usar: 11kg de explosivos C-4, três granadas e seis fuzis automáticos. Depois de inspecionar a carga e guardá-la em um depósito situado em Framingham (no estado de Massachusetts), Ferdaus recebeu a voz de prisão.
Terminava aí um cerco que começou no início do ano passado. Segundo um comunicado da procuradora de Justiça Carmen Ortiz, Ferdaus planejava usar o material para atacar o Capitólio e o Pentágono, utilizando três pequenos aviões recheados de explosivos e teleguiados por aparelhos GPS (sistema de posicionamento global). ;O senhor Ferdaus tem planejado cometer atos violentos contra o nosso país há tempos;, afirma Camen.
A pedido das autoridades norte-americanas, conhecidos de Ferdaus passaram a gravar as conversas com o suspeito em janeiro de 2011. Foi quando o estudante revelou sua intenção de atingir o Pentágono com os drones (aviões não tripulados). Três meses depois, ele incluiu a sede do Poder Legislativo como alvo potencial. O plano de Ferdaus começou a cair por terra entre maio e junho deste ano, quando ele entregou aos agentes dois pendrives com explicações sobre a provável matança. O complô incluía o uso de seis terroristas, divididos em dois grupos e armados com os fuzis automáticos. A intenção do emir ; como Ferdaus se intitulava ; era matar ;os inimigos do islã;. ;Eu não posso parar. Não há escolha para mim;, admitiu ele, segundo as gravações.
Em maio, o suspeito realizou o reconhecimento do terreno. Após viajar de Boston a Washington, ele fotografou o Capitólio e o Pentágono. Também identificou pontos no Parque East Potomac que seriam ideais para a decolagem dos aviões. Nos últimos quatro meses, Ferdaus pesquisou, encomendou e adquiriu os componentes necessários para o ataque, incluindo o aeromodelo F-86 Sabre. No último dia 20, ele entregou aos agentes do FBI disfarçados um vídeo no qual explicava como construir detonadores via celular.
Por várias vezes, as testemunhas envolvidas no processo tentaram demovê-lo da conspiração, sob a alegação de que os atentados matariam mulheres e crianças. Mas Ferdaus permaneceu irredutível. Caso seja considerado culpado, ele poderá pegar até 15 anos de prisão por apoiar uma organização terrorista internacional; até 20 anos por tentar destruir locais da defesa nacional; e 20 anos por tentar destruir e danificar prédios pertencentes aos EUA, usando explosivos. Para cada uma das três acusações, ele terá que pagar multa de US$ 250 mil e até três anos de liberdade supervisionada. Ferdaus começou a ser monitorado pelo FBI no ano passado, quando forneceu aos supostos terroristas celulares transformados em detonadores de bombas improvisadas.
;O complô tinha o potencial de ser bastante sério, por se tratar de uma operação múltipla, envolvendo aeronaves com 11kg de explosivos e um tiroteio. Eu presumo que os atiradores aguardariam o avião atingir os prédios para disparar contra os funcionários em fuga;, disse ao Correio Magnus Ranstorp, diretor do Centro para Estudos de Ameaças Assimétricas do Colégio de Defesa Nacional Sueco. ;O que torna o caso diferente é que o suspeito foi longe e já tinha adquirido armas, além de ter feito o reconhecimento do terreno;, concluiu.