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Morte de Awlaqi abala a Al-Qaeda na Península Arábica

Agência France-Presse
postado em 01/10/2011 11:52
SANAA - A morte de Anwar Al-Awlaqi, um dos líderes da Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), é um forte golpe contra a organização, mas não afeta sua capacidade de destruição no Iêmen, acreditam os especialistas.

Apresentada por Washington em Sanaa como a maior vitória na luta contra a AQPA, a morte do imã radical durante um ataque aéreo acarreta apenas um pequeno impacto neste braço da rede terrorista, segundo um especialista.

"A Al-Qaeda existia antes de Awlaqi e continuará depois de sua morte. Awlaqi apenas trouxe ao grupo sua capacidade de falar inglês para se comunicar com o exterior", disse Nabil al-Bakiri, especialista em grupos islamitas.

De fato, no momento em que o mundo soube da morte deste inimigo público dos Estados Unidos a AQPA publicou um comunicado reivindicando uma série de atentados em setembro que mataram mais de 140 pessoas, incluindo muitos integrantes das forças de segurança do sul do Iêmen.

O grupo nasceu da união das redes iemenita e saudita da Al-Qaeda. A AQPA aproveitou o enfraquecimento do poder em Sanaa, devido à revolta popular contra o presidente Ali Abdullah Saleh desde janeiro, para reforçar sua presença no sul e no leste do Iêmen.

No final de maio, centenas de combatentes que se declararam "Partidários da Sharia" (a lei islâmica) ligados a AQPA tomaram o controle de cidade de Zinjibar, a capital da província de Abyan. Mesmo com o anúncio do exército afirmando ter libertado a cidade em setembro, os confrontos continuam na região.

Em alguns locais do sul, a AQPA pratica sua própria justiça: executa os homicidas e amputa as mãos dos ladrões.

Para especialistas, a morte de Anwar al-Awlaqi enfraquece a organização, pelo menos neste momento. "De qualquer maneira, a morte deste líder enfraquece a AQPA. Isto obrigará aos outros líderes do grupo a rever seus cálculos e suas táticas", afirmou o analista Mohamed Said Haidar.

"Não acredito que estes líderes serão capazes de vingar a morte de Awlaqi antes que se reorganizem", acrescentou.

A AQPA é liderada por Nasser al-Wahishi, um iemenita que, junto de 220 outros militantes, escapou da prisão em 2006. Seu substituto é o saudita Said al-Shihri, libertado da prisão de Guantanamo em 2007.

Para o centro americano de vigilância de grupos extremistas IntelCenter, "a morte de Awlaqi afetará em particular a capacidade do grupo para recrutar e arrecadar fundos". O imã exercia uma influência muito grande e era capaz de atrair muito apoio para a AQPA.

Considerado pelos Estados Unidos como uma ameaça tão importante quanto Osama Bin Laden, Awlaqi era suspeito de ter ligações com os autores de um atentado fracassado contra um avião americano em dezembro 2009 e de um tiroteio que deixou 13 mortos na base de Fort Hood (Texas) em novembro de 2009.

Sua capacidade de recrutar novos extremistas era enorme, Awlaqi ficou muito conhecido com os apelos feitos em inglês na internet, e que lhe renderam enorme notoriedade nos outros países.

Na sexta-feira, Barack Obama afirmou que a morte de Awlaqi era "um duro golpe contra a rede mais ativa da Al-Qaeda" e que marcava "uma nova etapa importante na luta global para vencer a Al-Qaeda".

Contudo, a AQPA continua "uma organização perigosa" alertou o presidente americano.

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