postado em 02/10/2011 08:00
A missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão anunciou ontem a prisão, no país, de Haji Mali Khan, um dos mais importantes dirigentes da rede terrorista Haqqani ; grupo insurgente aliado ao Talibã e à Al-Qaeda. A captura ocorre no momento em que a célula está no foco das tensões entre o Paquistão e os Estados Unidos, que a associa ao serviço secreto paquistanês. Segundo a Otan, a ação é um ;importante passo; para desbaratar a rede.
[SAIBAMAIS]A detenção de Khan e de diversos outros insurgentes teria sido feita por forças locais e da coalizão na província de Paktia (sudeste), na terça-feira. O dirigente estava fortemente armado, mas, de acordo com os militares, não resistiu à prisão. Em um comunicado, a coalizão ponderou que ele é um dos ;chefes máximos; da rede e tio de seu líder, Sirajuddin Haqqani (leia Para Saber Mais). Autoridades do Afeganistão o consideram o ;cérebro; da organização e um dos anciãos mais reverenciados entre os rebeldes.
O Talibã negou que Khan tenha sido preso, apesar de não divulgar provas de que estivesse livre. Em entrevista à agência Reuters, um porta-voz da rede não identificado disse que a notícia não tem embasamento e foi divulgada para ;afetar a moral mujahedin;. ;Acabei de falar com Haji Mali Khan e ele está bem. Não foi preso;, garantiu o porta-voz. Membros da Haqqani minimizaram, à mesma agência, a importância de Khan em seu comando, mas a Inteligência paquistanesa ressaltou seu poder, especialmente nas ligações com outras organizações na região tribal pashtun. ;A prisão é um golpe para os Haqqanis;, disse o comunicado da Otan.
Sem diálogo
A prisão vem à tona um dia depois de Kabul anunciar a renúncia ao diálogo com o Talibã, retomado em junho com a ajuda dos Estados Unidos. O presidente afegão, Hamid Karzai, manifestou, diante de um grupo de líderes religiosos, que o assassinato do ex-presidente Burhanuddi Rabbani, mediador e encarregado das conversações, foi o principal motivo da desistência e que o único interlocutor possível para a paz agora é o Paquistão.
Rabbani foi morto em setembro em um ataque promovido por um suicida terrorista que dizia levar consigo uma mensagem ;positiva para a paz; do Conselho de Quetta, órgão de direção talibã. Apesar das acusações, o grupo nunca assumiu o assassinato. ;Os insurgentes não confirmam nem negam. Onde está o Conselho? Onde está o mulá Omar (líder do Talibã)?;, questionou Karzai, em declarações transmitidas pelo canal afegão Tolo TV.
Apesar de o presidente citar o Paquistão como ;único interlocutor;, a agência de Inteligência do Afeganistão afirmou ontem ter evidências de que o atentado a Rabbani foi executado pelo Talibã com a ajuda de uma agência de espionagem paquistanesa. A conclusão teria partido de informações obtidas com a prisão de um dos idealizadores do ataque Hameedullah Akhondzada, segundo o ministro do Interior afegão, Bismillah Mohammadi. ;Prendemos Akhondzada, que confessou que isso (ataque) não foi nada além de um conluio;, declarou o ministro em audiência no Parlamento.