Agência France-Presse
postado em 02/10/2011 12:19
SIRTE - Os habitantes de Sirte estão em uma situação desesperadora, após duas semanas de cerco imposto pelos combatentes do novo regime líbio à cidade costeira, reduto do ex-ditador Muamar Kadhafi, alerta a Cruz Vermelha.Neste domingo, as forças do Conselho nacional de Transição (CNT) prosseguiam com a ofensiva para tentar assumir o controle da localidade, que fica 360 quilômetros ao leste de Trípoli, onde os leais a Kadhafi opõem uma violenta resistência.
Os combatentes do CNT afirmaram neste domingo que assumiram o controle de um bairro da zona sudoeste de Sirte, onde moravam muitos parentes de Kadhafi, e de uma pequena base militar.
Hichem Khadhraui, representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que visitou a cidade de 70.000 habitantes, afirmou que os feridos e doentes não têm condições de chegar aos hospitais devido aos combates e aos bombardeios da Otan.
"Vários foguetes caíram sobre o hospital quando estávamos no local", declarou, antes de lamentar "disparos aleatórios" de foguetes, de canhões antitanque e metralhadoras.
O representante do CICV manifestou surpresa com os disparos durante sua visita, já que os dois lados foram avisados sobre a viagem
A Cruz Vermelha, que enviou 300 pacotes de primeiros socorros para os feridos e 150 sacos para cadáveres, afirmou que os moradores sitiados estão morrendo por falta de auxílios básicos como "oxigênio e combustível para gerador"; o hospital Ibn Sina não tem água potável desde que sua cisterna foi bombardeada.
O CNT contava com as consequências do cerco à cidade desde 15 de setembro para obter a rendição.
De acordo com Hassan Duhan, comandante do conselho militar em Misrata, as forças leais a Kadhafi em Sirte estão sem energia elétrica. Além disso, alimentos e munições estão perto do fim.
Na sexta-feira, o diretor do CNT, Mustafa Abdel Jalil, deu prazo de 48 horas aos civis para abandonar a cidade, sem informar se o prazo significava o início de uma grande ofensiva neste domingo contra Sirte, onde a Otan informou ter atacado nove alvos militares.
Centenas de habitantes fugiam da cidade neste domingo em carros lotados com destino Misrata.
Mas nem todos os moradores conseguiram deixar as áreas de combates.
Os militantes do CNT desistiram de combater no sábado depois que constataram a presença de escudos humanos em Bani Walid, outro reduto de Kadhafi, 170 km ao sudeste da capital.
Ao comentar a situação nas duas frentes de batalha, o porta-voz do antigo regime, Mussa Ibrahim, negou no sábado ter sido capturado, em uma entrevista ao canal Arrai, que tem sede na Síria.
Mais de um mês após a tomada de Trípoli, os moradores da capital desejam a saída dos combatentes armados que não param de chegar de todo o país.
No momento em que as armas líbias provocam inquietação também nos países ocidentais, 5.000 mísseis antiaéreos SAM-7 do arsenal do antigo regime desapareceram, revelou o CNT.