Agência France-Presse
postado em 02/10/2011 12:22
BRUXELAS - A União Europeia (UE) e o Brasil discutirão na segunda e terça-feira soluções para saída da crise da dívida europeia na quinta reunião de cúpula bilateral, e a primeira desde a posse de Dilma Rousseff como presidente.O impacto da crise em economias tão interdependentes como a brasileira e a europeia dominará a reunião que acontecerá em Bruxelas.
Uma homenagem para Dilma será feita pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
A UE apresentará ao Brasil seus planos para superar a crise antes da reunião do G20 em novembro na França. Várias fontes europeias questionadas pela AFP disseram que não esperam uma ajuda direta do Brasil, que integra o grupo do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Recentemente, o bloco das potências emergentes se declarou disposto a considerar, se necessário, um apoio via FMI e outras instituições financeiras internacionais, para enfrentar os desafios e a instabilidade econômica mundial.
Barroso deve abordar com a presidente brasileira a decisão de taxar as transações financeiras na UE, que deseja arrecadar 55 bilhões de euros anuais, e os planos de ajuda para resgatar a Grécia.
O governo brasileiro pediu aos Estados Unidos e Europa rapidez nas decisões para enfrentar a crise econômica.
O Brasil, interlocutor privilegiado dos europeus e cada vez mais protagonista no cenário mundial, também discutirá a situação da Líbia, agora sem Muamar Kadhafi, e o pedido de adesão de um Estado da Palestina na ONU.
Além disso, serão analisadas as negociações entre o Mercosul e a UE antes da rodada de conversações em novembro no Uruguai. Os dois blocos precisam superar vários obstáculos no setor agrícola, especialmente o ressentimento de produtores franceses depois de uma inundação de importações de carne.
Uma fonte brasileira disse à AFP que no momento não há resistência para o avanço das negociações com o bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com Bolívia e Chile como associados externos.
A Europa deverá deixar de lado seus receios quanto às recentes medidas do Brasil para proteger sua indústria - as isenções fiscais e o aumento do imposto sobre as importação de automóveis -, consideradas medidas protecionistas.
Na agenda, está previsto que a UE avance com o Brasil no diálogo sobre energia, que foi iniciado em 2007.
O Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo, depois dos Estados Unidos, e possui 74 instalações com capacidade para produzir seis milhões de metros cúbicos de combustível por ano (em 2010 a produção foi de 2,4 milhões).
Na terça-feira, a presidente participará no V Fórum Empresarial Brasil-União Europeia, que acontecerá paralelamente à reunião de cúpula e inaugurará o Festival Europalia, que este ano tem a diversidade do Brasil como tema principal.
Durante a visita, Brasil e União Europeia pretendem aprofundar o comércio e o investimento bilateral.
O Brasil é o quarto principal destino dos investimentos europeus, e o sexto maior investidor na Europa. No primeiro semestre de 2011 o país se tornou o nono maior parceiro comercial da UE.
A UE pretende aprofundar também as relações em matéria de ciência, tecnologia, educação e turismo com o país sul-americano. Neste sentido, a União Europeia vai insistir na necessidade de assegurar a isenção de visto para os europeus que viajam para o Brasil em visitas de curta duração, conforme o acordo prévio, mas que ainda não funciona no caso do Chipre, Malta, Letônia e Estônia