Agência France-Presse
postado em 02/10/2011 16:57
NOVA YORK - Apesar das 700 prisões no sábado pela interrupção do tráfego de uma ponte, os manifestantes que protestam em Nova York há mais de duas semanas contra o sistema financeiro e as práticas de Wall Street mantinham-se firmes neste domingo."Prendam um de nós e mais aparecerão. Somos uma legião, somos muitos", desafiava com um cartaz Robert Cammisos, preso brevemente durante a manifestação de sábado e liberado pela polícia por conta de seus problemas de saúde.
"Eu estava no grupo que foi detido. Estou sob medicação e por isso me deixaram ir embora. Suponho que eu era um problema para eles", afirma à AFP este homem de 49 anos, ex-trabalhador da construção civil e que participava do protesto pelo quinto dia seguido.
Os manifestantes, que desde 17 de setembro tentam "ocupar" Wall Street em protesto contra a corrupção, a cobiça e os cortes de orçamento do governo federal americano, cortaram no sábado o tráfego em uma tradicional ponte do Brooklyn, perto da Bolsa de Nova York.
A polícia respondeu com a prisão de 700 pessoas, a maioria delas libertada neste domingo.
"Um monte de gente está de volta. Este é um grupo que não vai embora", afirmou Robert, apontando a movimentação ao seu redor e a multidão reunida em uma praza a 300 metros de Wall Street, onde os manifestantes estabeleceram sua base há duas semanas.
Neste domingo, alguns comiam em grandes meses improvisadas e outros secavam suas roupas após as chuvas dos últimos dias. À tarde, como parte das atividades diárias do movimento, foram organizadas assembleias. Entre curiosos e manifestantes, havia mais de 700 pessoas na praça.
"É a primeira vez que venho. Desta vez estou pensando em ficar e passar a noite. Nunca antes fiz isso. Talvez esta noite o farei", conta, mostrando sua mochila, Zephyr Teachout, uma professora de Direito de 39 anos oriunda de Nova York.
"Espero que a pessão seja mantida. É um movimento livre, as pessoas sentem que podem participar do jeito que quiserem", explica esta mulher, admitindo que é "pouco provável" que sejam conseguidas as mudanças exigidas no sistema financeiro, mas que "vale a pena tentar".
A convocação para "ocupar Wall Street" foi lançada pelo movimento anarquista Adbusters e outros grupos de esquerda por meio da internet.
Centenas de cartazes escritos à mão podiam ser vistos em um dos lados da praça com os dizeres: "não seja tímido, una-se a nós", "os banqueiros de Hitler - Wall Street".
Neste sábado, em Boston (nordeste), um total de 24 pessoas foram presas durante uma manifestação pacífica em frente aos escritórios centrais do Bank of America.
A coalizão de grupos civis que organizou o protesto, Right to the City, disse que convocaram a manifestação para protestar contra a avareza das corporações e para que os bancos detenham as execuções hipotecárias.