Mogadíscio - Pelo menos 57 pessoas morreram nesta terça-feira (4/10) em um atentado suicida contra um complexo ministerial em Mogadíscio. Este é o atentado que mais causou mortes nos últimos anos na capital da Somália, e é o primeiro reivindicado pelo grupo islamita shebab desde sua retirada da cidade há dois meses.
"O número de mortos é 57, mas 34 outras pessoas estão desaparecidas", disse um policial de Mogadíscio que pediu anonimato. "Nós acreditamos que o número de mortos é maior, porque as pessoas desaparecidas podem já estar mortas", acrescentou.
Os shebab foram forçados a deixar a capital no início de agosto depois de uma ofensiva de tropas pró-governamentais apoiadas por uma força da União Africana (Amisom). "Um veículo carregado de explosivos entrou em um edifício oficial", afirmou por telefone Mohamud Abdullahi, um taxista. "O ataque foi praticado por um terrorista em um caminhão cheio de explosivos", confirmou outra testemunha, Ahmed Mohamed, funcionário do Ministério da Saúde.
O atentado visava atingir um prédio que abriga quatro ministérios da Somália, em um local conhecido por "K4" ("Km 4"), um dos principais cruzamentos da cidade que leva ao aeroporto ou para as instalações da Amisom. O complexo ministerial foi parcialmente destruído e vários carros estacionados nas proximidades pegaram fogo.
Os shebab reivindicaram rapidamente o atentado. "Um de nossos mudjahidines (combatentes) se sacrificou para matar os líderes do governo federal de transição, soldados da União Africana e informantes que estavam no recinto", declarou por telefone um líder shebab, que não se identificou.
Os atentados anteriores que mais provocaram mortes em Mogadíscio deixaram 21 mortos na sede da Amisom em setembro de 2009, e 33 mortos em agosto de 2010. O mesmo grupo também reivindicou o atentado duplo que deixou 76 mortos em julho de 2010 na capital da Uganda Kampala, a primeira ação fora da Somália.
O atentado desta terça-feira ocorreu no momento em que estudantes faziam uma fila na entrada do edifício para receber uma bolsa de ajuda do governo turco, segundo fontes locais. A Turquia prometeu uma ajuda substancial para a Somália, devastada pela guerra civil que dura mais de 20 anos e que foi atingida por uma forte seca que causou a morte de milhares de pessoas.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, foi o primeiro chefe de governo estrangeiro que esteve em Mogadíscio depois do início da guerra civil em 1991.
Forçados a saírem da capital no início de agosto e de outras várias localidades ao sul da Somália, que estavam em seu controle devido a uma ofensiva pró-governamental lançada em fevereiro, os shebab realizaram vários contra-ataques desde então.
Os insurgentes islamitas tiveram êxito principalmente em incursões na cidade de Dhobley (sul, perto da fronteira com o Quênia) na sexta, e na segunda-feira, na cidade de Dhusamareb (centro). Nas duas vezes se retiraram rapidamente.