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Atentado na Somália deixa pelo menos 70 mortos e 150 feridos

Agência France-Presse
postado em 04/10/2011 15:26
Pelo menos 70 pessoas morreram nesta terça-feira (4/10) em um atentado suicida contra um complexo ministerial em Mogadíscio. Este é o atentado que mais causou mortes nos últimos anos na capital da Somália, e é o primeiro reivindicado pelo grupo islamita shebab desde sua retirada da cidade há dois meses. O presidente Sharif Sheikh Ahmed condenou o ataque ao declarar que o Al-Shebad reivindicou a autoria do ataque suicida em um cruzamento em frente ao Ministério da Educação, que causou a morte de mais de 70 pessoas e deixou 150 feridos, em sua maioria jovens estudantes.

Este atentado praticado próximo ao palácio presidencial é o mais mortal dos últimos anos na capital somali e o primeiro reivindicado pelos islamitas shebab depois de sua retirada da cidade há dois meses. "Estou extremamente chocado e entristecido por este ato cruel e desumano de violência (praticado) contra os mais vulneráveis de nossa sociedade", acrescentou o presidente somali, que enviou "suas mais profundas condolências às famílias das vítimas e ao povo da Somália".

Os shebab foram forçados a deixar a capital no início de agosto depois de uma ofensiva de tropas pró-governamentais apoiadas por uma força da União Africana (Amisom). "Um veículo carregado de explosivos entrou em um edifício oficial", afirmou por telefone à AFP Mohamud Abdullahi, um taxista. "O ataque foi praticado por um terrorista em um caminhão cheio de explosivos", confirmou outra testemunha, Ahmed Mohamed, funcionário do Ministério da Saúde.

Este é o atentado mais mortal dos últimos anos na capital somali e o primeiro reivindicado pelos islamitas shebab

Destruição
O atentado visava a atingir um prédio que abriga quatro ministérios da Somália, em um local conhecido por "K4" ("Km 4"), um dos principais cruzamentos da cidade que leva ao aeroporto ou para as instalações da Amisom. O complexo ministerial foi parcialmente destruído e vários carros estacionados nas proximidades pegaram fogo.

Os shebab reivindicaram rapidamente o atentado. "Um de nossos mudjahidines (combatentes) se sacrificou para matar os líderes do governo federal de transição, soldados da União Africana e informantes que estavam no recinto", declarou à AFP por telefone um líder shebab, que não se identificou.

Os atentados anteriores que mais provocaram mortes em Mogadíscio deixaram 21 mortos na sede da Amisom em setembro de 2009, e 33 mortos em agosto de 2010. O mesmo grupo também reivindicou o atentado duplo que deixou 76 mortos em julho de 2010 na capital da Uganda Kampala, a primeira ação fora da Somália. O atentado desta terça-feira ocorreu no momento em que estudantes faziam uma fila na entrada do edifício para receber uma bolsa de ajuda do governo turco, segundo fontes locais.

Pedido de socorro
A Turquia prometeu uma ajuda substancial para a Somália, devastada pela guerra civil que dura mais de 20 anos e que foi atingida por uma forte seca que causou a morte de milhares de pessoas. O governo americano condenou o atentado e denunciou total desprezo pela vida demonstrado pelos islamitas. "É evidente que (os islamitas) não têm nenhum interesse pelo povo somali" e o mundo deve saber que são os shebab (extremistas islamitas que agem no sul do país) que impedem a chegada da ajuda humanitária às vítimas da fome na Somália, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Os Estados Unidos impuseram em 2008 sanções contra este grupo de militantes extremistas, proibindo qualquer forma de apoio a eles. Mas, em agosto de 2011, o governo americano decidiu não perseguir as organizações humanitárias que trabalham com os shebab para poder distribuir os alimentos, medida destinada a lutar contra a fome na região.

Forçados a deixar a capital no início de agosto e outras várias localidades ao sul da Somália, que estavam sob seu controle devido a uma ofensiva pró-governamental lançada em fevereiro, os shebab realizaram vários contra-ataques desde então. Os insurgentes islamitas tiveram êxito principalmente em incursões na cidade de Dhobley (sul, perto da fronteira com o Quênia) na sexta, e na segunda-feira, na cidade de Dhusamareb (centro). Nas duas vezes se retiraram rapidamente.

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