Agência France-Presse
postado em 11/10/2011 19:07
Damasco - Israel e o Hamas fecharam nesta terça-feira (11/10) a conclusão de um acordo sob mediação egípcia para a troca do soldado franco-israelense Gilad Shalit, detido em Gaza desde 2006, em troca de 1.000 prisioneiros palestinos. O governo israelense aprovou o acordo na noite desta terça para quarta-feira, segundo uma fonte oficial. Vinte e seis ministros votaram a favor, enquanto três pesos pesados do gabinete votaram contra, entre eles o nacionalista Avigdor Lieberman, ministro de Relações Exteriores."Apresento ao governo um acordo que trará Gilad Shalit são e salvo de volta a seus pais e a todo o povo de Israel dentro de alguns dias", declarou anteriormente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. ;Este acordo foi rubricado na quinta-feira (passada) e assinado definitivamente hoje (terça-feira)", afirmou. Netanyahu admitiu que foram negociações difíceis e disse que quis aproveitar "uma oportunidade". Também agradeceu o Egito por seus esforços como mediador.
O Hamas tinha informado sobre o acordo anteriormente. Uma fonte próxima ao movimento islâmico informou que "entraria em vigor antes de uma semana". "O acordo de troca se aplicará dentro de alguns dias", confirmou em seu site o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al Qasam, que tinham participado do sequestro do soldado. ;Hamas e Israel chegaram a um acordo em virtude do qual 1.027 palestinos, entre eles 27 mulheres, serão libertados em duas fases", declarou Mechaal durante uma entrevista coletiva à imprensa transmitida pelas televisões árabes.
Mechaal, que também agradeceu ao Egito por sua participação nessa medida que ele classificou de "grande realização", indicou que 450 prisioneiros serão libertados "em uma semana" e que 550 outros, "em dois meses". "É uma grande realização, é um êxito qualitativo", disse Mechaal, chefe do gabinete político do movimento islamita palestino. "Em virtude do acordo, não resta mais nenhuma mulher nas prisões do inimigo", disse o líder palestino.

Negociação desmentida
O pacto de troca envolve "315 prisioneiros condenados à prisão perpétua e outros que cumpriam penas de mais de 10 anos". Marwane Barghuthi, um dos líderes da Intifada dos anos 2000, e o chefe da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP, esquerda radical) Ahmad Saadate, condenados respectivamente à prisão perpétua e a 30 anos de prisão por Israel, seriam libertados nos termos deste acordo, indicou à AFP um alto funcionário palestino. Mas Israel desmentiu tais declarações. "Marwan Barghuti e Ahmad Saadat não serão libertados", afirmou à imprensa o chefe do serviço de segurança interna Shin Beth, Yoram Cohen.
Detido em abril de 2002 pelo Exército israelense em Ramallah e condenado em junho de 2004 à prisão perpétua por envolvimento direto em quatro atentados contra israelenses, Marwan Barghuti é apresentado com frequência como possível sucessor do presidente palestino, Mammud Abbas. Já Ahmad Saadat, sentenciado em 2008 a 30 anos de prisão, está em confinamento isolado há quatro anos.
Além de Netanyahu e de seu ministro da Defesa, Ehud Barak, o chefe do Estado-Maior, Benny Gantz, o líder do Shin Beth, Yoram Cohen, e o chefe do Mossad, Tamir Pardo, foram todos favoráveis ao acordo com o Hamas, indicou a televisão pública israelense.
O soldado Gilad Shalit está preso em Gaza desde 2006 após o seu sequestro por grupos armados palestinos. Em viagem pela América Latina, o presidente palestino Mahmud Abbas saudou este acordo. "O presidente Abbas saúda calorosamente a conclusão de um acordo de troca (de prisioneiros) que é um êxito nacional palestino", declarou à AFP o negociador Saeb Erakat por telefone de Caracas, onde acompanha o líder palestino.