Agência France-Presse
postado em 13/10/2011 11:34
Paris - Um livro intitulado "Erros de pilotagem: Volume 5", releva novos trechos da conversa entre os pilotos do Airbus da Air France, que caiu em junho de 2009 quando vazia o trajeto Rio-Paris, e faz duras críticas às investigações francesas e à companhia aérea.O livro escrito por Jean-Pierre Otelli, especialista em aeronáutica, foi publicado pela editora Altipresse e saiu nesta quinta-feira. O autor revela conversas entre os pilotos, a maioria de caráter privado, que nunca foram divulgadas. Ele transcreve as duas horas de sons gravados por uma das caixas pretas. A outra gravou todas as configurações da aeronave nas duas últimas horas de vôo.
Essas conversas mostram a incompreensão e a confusão no cockpit pouco antes do acidente, principalmente no último minuto antes da queda. Às 02h14, o capitão, que voltou ao cockpit três minutos antes, disse: "Atenção, sobe o bico". "Vamos lá, puxe", disse um pouco mais tarde. "Vamos lá, puxe também", respondeu o co-piloto sentado à esquerda, que então assumiu o controle. "P..., vamos bater ... Não pode ser verdade", preocupa-se.
"O que está acontecendo", disse o outro co-piloto, logo antes do fim da gravação. Até hoje, apenas alguns trechos da conversa foram levados a público pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA), responsável pela investigação de segurança. Em comunicado publicado nesta quinta-feira, o BEA indicou que "condena a divulgação desta transcrição, que é uma violação do artigo 14 do regulamento europeu", e acrescenta: "a investigação ainda não terminou".
Procurada pela AFP, a Air France "expressa sua consternação e sua total condenação" em relação à publicação "que representa uma clara violação ao sigilo das investigações" e "prejudica a memória da tripulação e dos passageiros", disse o porta-voz da empresa.
Além disso, "a companhia questiona as razões que levaram a esta publicação e pede que as autoridades encarregadas esclareçam as origens destes novos vazamentos preocupantes", acrescentou o porta-voz.
"Na Air France, nos perguntamos como um escritor especializado teve acesso ao uma versão das conversas que são analisadas pelo BEA em sigilo", disse uma fonte que pediu para não ser identificada. O acidente do Voo AF447 custou a vida de 228 pessoas. A Air France e a fabricante Airbus foram indiciadas por homicídio culposo.