Agência France-Presse
postado em 13/10/2011 14:53
Madri - Diante da precariedade ligada à crise e ao poder das finanças, os "indignados" vão se manifestar no sábado pelo mundo inteiro, na esperança de dar uma dimensão internacional ao protesto inédito que nasceu na Espanha no dia 15 de maio.Desde Madri até Nova York, manifestações foram convocadas em 719 cidades de 71 países, segundo o site 15october.net, apoiando-se em uma ampla difusão através das redes sociais com o lema: "United for #Globalchange".
Cinco meses depois do nascimento do movimento, os "indignados" e outros grupos querem fazer do dia 15 de outubro uma jornada simbólica, ocupando lugares emblemáticos das finanças como Wall Street, City, o coração financeiro de Londres, e o Banco Central Europeu em Frankfurt.
Em Madri, desde distantes bairros da periferia e seus arredores, os manifestantes voltaram a marchar em direção a Porta do Sol, a praça central que foi ocupada durante um mês, onde é previsto que passem a noite de sábado para domingo. "Faremos com que os políticos e as elites financeiras, as quais eles servem, saibam que a partir de agora seremos nós, o povo, que vamos decidir nosso futuro", proclama um manifestante que pede por movimentos em toda a Espanha.
A extensão do movimento, nos Estados Unidos especialmente, demonstra "que isto não é uma questão meramente espanhola, e sim uma questão que atinge o mundo inteiro, pois a crise é uma crise global, os mercados atuam em nível global", explicou Jon Aguirre Such, porta-voz do movimento na Espanha. Após as grandes manifestações da primavera passada, o movimento se espalhou por vários países, mas com diferentes proporções, na França, por exemplo, ele é muito pequeno.
A ausência de um líder identificável, a rejeição de qualquer forma de estrutura política e a democracia participativa levada ao extremo, foram motivos para que muitos duvidassem da viabilidade do movimento. "A palavra ;indignado; é uma espécie de etiqueta, os laços, porém, são muito frágeis. Não ter reivindicações comuns é a fragilidade do movimento", afirma Arnaud Zacharie, ex-presidente da Attac Bélgica.
Na Espanha, um país afetado por um desemprego recorde de 20,89%, a voz dos "indignados", sustentada por um amplo apoio popular, encontrou espaço, como nas manifestações que impediram o despejo de dezenas de proprietários endividados.
Refletiu-se também na promessa do candidato socialista nas eleições legislativas, Alfredo Pérez Rubalcaba, de reformar a lei eleitoral para aumentar o peso dos pequenos partidos políticos. "É um fenômeno extremamente promissor, que busca renovar profundamente a forma de participação dos cidadãos na política", analisa o economista francês Thomas Coutrot, co-presidente do movimento Attac. "Os cidadãos já não querem mais confiar em políticos e partidos, cada um quer ter sua voz. Pode se dizer que isso é uma volta às fontes da democracia", acrescentou. "Nos países onde a crise bateu mais forte, o movimento é maior", destaca Arnaud Zacharie. "Os Estados Unidos estão na origem da crise, e é onde as consequências serão maiores, o que explica a mobilização", disse Zacharie.
O movimento Occupy Wall Street, que se alimentou nos Estados Unidos do desemprego dos jovens e do aumento das desigualdades, chamou a população para uma manifestação no sábado na Times Square em Nova York.
Na Europa, os "indignados" ocuparam as ruas de muitas cidades, como Lisboa, onde o movimento "geração precária" se apresentou como a liderança da mobilização.
Centenas ou milhares deles também devem desfilar pelas ruas de Bruxelas, ponto de chegada da marcha que atravessou a Espanha e a França, em Zurique, Genebra e Basileia, onde o poder dos bancos será o centro das atenções, ou na Place de la Bourse em Amsterdã, Viena e Praga.